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| Foto: WALTER ALVES / Arquivo Gazeta do Povo

Líder no segmento de lubrificantes no país com a marca Lubrax, a Petrobras já iniciou o processo para criar uma divisão específica para atuar no setor. O objetivo é que, com essa nova estrutura, a companhia busque um sócio no mercado. A informação foi antecipada por Jorge Celestino, diretor de Refino e Gás Natural da estatal, em entrevista ao Globo. O projeto prevê uma reavaliação da atuação da estatal no país com a fabricação de produtos que hoje são importados. A medida faz parte do plano da Petrobras para reduzir seu endividamento.

A Petrobras produz os óleos básicos, à base de petróleo, na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio, e na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. Depois vende esses óleos para as distribuidoras, como a BR Distribuidora, responsáveis por colocar aditivos. Só a partir daí é que são produzidos os lubrificantes, produto final vendido nos postos de gasolina. Em 2015 , as vendas chegaram a 1,3 milhão de metros cúbicos no Brasil, o quinto maior mercado de lubrificantes no mundo.

Celestino diz que a cadeia de lubrificantes responde por 4% do lucro bruto. Segundo o executivo, a companhia buscará um reposicionamento nesse setor que, segundo ele, tem margens altas. Segundo projeções do Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes (Sindilub), o percentual de ganho pode chegar a 50% entre a produção e o carro do consumidor.

“Esse negócio vai ser reposicionado. Provavelmente, iremos desenvolver uma parceria e discutir como a gente estrutura todo esse negócio de lubrificante, que tem parte na Petrobras e parte na BR. Estamos olhando o negócio como um todo. Estamos estudando criar uma divisão de lubrificantes e achar parceiro para desenvolver essa nova estratégia. É isso que estamos estudando”, revelou Celestino.

Fatia do mercado

O diretor, que trabalha na Petrobras desde 1983, destacou que, com a aprovação do Plano de Negócios 2017-2021, já começou o processo de contratação de consultorias para desenhar o projeto.

“Já aprovamos o planejamento estratégico. E agora estamos desdobrando o planejamento estratégico. Existem várias iniciativas. Estamos na fase de contratação de consultoria, de detalhamento desse cronograma. Esperamos estar com isso pronto em 2017 e 2018. Parceiro é sócio. A fatia ainda não está detalhada. Vai ter que negociar”, afirmou Celestino, ao ser perguntado se já há uma ideia de qual parcela dessa nova divisão poderia vender.

A Petrobras tem, hoje, 24,6% de participação de mercado com a sua marca Lubrax, segundo a Fecombustiveis e o Sindicom, que reúnem dados do setor. É quase o dobro da segunda colocada, a Cosan, com 14,27%. A estatal lidera ainda a primeira parte desse segmento, com os óleos básicos, insumos para os lubrificantes, responsáveis por metade do mercado.

A produção nacional é focada, basicamente, em lubrificantes minerais (à base de petróleo). Segundo Celestino, com o reposicionamento da estatal no segmento, a meta é entrar na produção de lubrificantes sintéticos e semissintéticos, categorias que, segundo a Sindilub, respondem por 10% das vendas.

“Atualmente, não temos produção no Brasil de sintéticos e semissintéticos. Importamos basicamente da Europa e dos Estados Unidos. Preciso olhar no longo prazo o meu posicionamento em todas essas áreas de produção, importação e comercialização. Vamos repensar no que é preciso ter. O desafio do lubrificante sintético e semissintético é escala. Tem que pensar na estratégia de Cone Sul. Ou seja, como essa região é suprida. É uma discussão que a gente precisa fazer. O sintético tem uma vida mais longa e consegue aumentar o período de troca do produto em relação aos minerais. Tem ainda a questão ambiental. Com menos troca de lubrificantes, você minimiza a emissão de resíduos”, adiantou Celestino.

Previsão de queda de 6% a 8% no ano

E a busca de um sócio pode ajudar os planos da Petrobras de produzir novos tipos de lubrificantes no país e até mesmo elevar a produção interna dos óleos básicos, concentrados em duas refinarias.

A Petrobras fornece metade disso. Ou seja, o mercado sendo suprido por importadores. Essa é uma outra estratégia que precisamos olhar. A estratégia de novos produtos é permanente. Esse é um mercado de inovação. É um produto de tecnologia e que está evoluindo de forma tecnológica muito rápida.

Um dos principais mercados de lubrificantes do mundo, o Brasil atrai o interesse de petroleiras com atuação global. Ruy Ricci, diretor-executivo do Sindilub, cita o caso da Petronas, estatal da Malásia, por exemplo, que conta com 9,87% de participação, assim como outras empresas como YPF, Total, Shell e Chevron.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o mercado conta com 94 produtores de lubrificantes e 205 importadores dos produtos. Na avaliação de Ricci, as margens de lucro são altas nesse setor, o que ajuda a atrair empresas dos mais variados tamanhos.

Mas nesse ano, em razão da crise da economia, o consumo de lubrificantes cai porque o próprio consumo de gasolina está em queda. A previsão é que o mercado como um todo tenha queda entre 6% e 8% no Brasil neste ano em relação ao ano passado. Mas o mercado de carros leves deve ter uma retração ainda maior. Os lubrificantes ainda são usados na indústria, mas o setor automotivo como um todo soma 65% do faturamento.

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