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A refinaria de Nansei Sekiyu, considerada uma herança maldita deixada pelo delator da Lava Jato Paulo Roberto Costa. | Petrobras/divulgação
A refinaria de Nansei Sekiyu, considerada uma herança maldita deixada pelo delator da Lava Jato Paulo Roberto Costa.| Foto: Petrobras/divulgação

A Petrobras informou nesta quinta-feira (29) que concluiu a venda de 100% das ações da refinaria de Nansei Sekiyu – considerada a “Pasadena japonesa”, uma referência refinaria do Texas, nos Estados Unidos que também causou elevados prejuízos à Petrobras, estimados em US$ 1,9 bilhão. A refinaria do Japão foi vendida para a Taiyo Oil Company, que pagou US$ 165 milhões à estatal brasileira.

Com esse negócio concluído, a Petrobras já vendeu ativos, no período de 2015-2016, de US$ 13,6 bilhões – abaixo da meta, de US$ 15,1 milhões. O programa de venda de bens da Petrobras visa a ajudar a empresa a reduzir o elevado endividamento da estatal.

A empresa argumentou não ter atingido a meta devido a uma decisão judicial liminar da Justiça de Sergipe que impediu a conclusão de tratativas para venda dos campos de petróleo de Tartaruga Verde e Baúna, que seriam negociados com a empresa australiana Karoon Gas Australia. Segundo a Petrobras, a venda desses campos “já estava em estágio avançado de negociação”. O montante de US$ 1,5 bilhão de vendas não realizados será automaticamente incorporado à meta do biênio 2017-2018, que sobe para US$ 21 bilhões.

Ajustes finais

A estatal afirmou que o valor da venda da refinaria Nansei Sekiyu, localizada na ilha de Okinawa , ainda está sujeito a ajustes finais. Em 17 de outubro, a Petrobras havia informado que o seu Conselho de Administração havia aprovado a venda da unidade, localizada na ilha de Okinawa, no Japão, por US$ 129,285 milhões.

O negócio feito no Japão envolve uma refinaria com capacidade de processamento de 100 mil barris por dia de petróleo, 36 tanques que armazenam 9,5 milhões de barris de petróleo e derivados, além de três píeres para carga e descarga de navios e uma monoboia. A empresa compradora, a Taiyo, atua na importação, exportação, refino e venda de produtos petrolíferos, com sede em Tóquio.

Prejuízo

A refinaria de Nansei é mais um triste legado deixado à Petrobras pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, réu confesso do esquema de esquema de corrupção que existiu durante anos na estatal e que foi descoberto pela Operação Lava Jato.

O controle da refinaria de Nansei (um total de 87,5% do capital) foi comprado em 2008 pela Petrobras. As ações restantes foram adquiridas pela estatal em 2010. De acordo com fontes do setor, estima-se que a Petrobras já teria gasto cerca de US$ 1,9 bilhão com despesas de manutenção em melhorias operacionais e principalmente para atender a inúmeras exigências dos órgãos ambientais do país.

A compra da refinaria no Japão foi fechada na gestão de José Sérgio Gabrielli, e tinha como diretores além de Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró na área internacional – outro envolvido na Lava Jato. Na época da comprada refinaria Paulo Roberto Costa afirmava que entre os principais objetivos da compra era fazer com que a Petrobras se tornasse uma forte exportadora de derivados que seriam produzidos na refinaria com o petróleo produzido no pré-sal brasileiro. Outra meta era também tornar a companhia uma importante exportadora de etanol para o Japão (que seria adicionado na gasolina nos automóveis) usando as bases de estocagem da refinaria. Mas a refinaria de Nansei, assim como muitos outros se transformaram em gigantescos prejuízos para a Petrobras.

Outra venda

A Petrobras havia anunciado na quarta-feira a venda de sua fatia na Guarani ao grupo francês Tereos por US$ 202 milhões, além da negociação da Petroquímica Suape e da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) para subsidiárias da mexicana Alpek por US$ 385 milhões.

De acordo com a companhia, os dois acordos faziam parte de uma lista de cinco transações de vendas de ativos que estavam autorizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que no início de dezembro proibiu a estatal de fechar novos negócios que não aqueles já em fase final de negociação.

O TCU exigiu que a Petrobras realize adequações nas metodologias que regem os processos de desinvestimentos. Mas a estatal garantiu que as transações anunciadas seguiram os procedimentos necessários. “Todas as transações foram conduzidas por meio de processo competitivo e o preço das vendas foram avaliados por diversas instituições financeiras, através de opiniões independentes sobre o valor justo (fairness opinion) e um relatório de avaliação (valuation report)”, destacou a Petrobras em nota.

A Tereos, que já detinha uma fatia de 54,03% na Guarani, disse em nota que está satisfeita com a compra dos 45,97% da Petrobras na companhia de açúcar e etanol. “Para a Tereos, essa aquisição é uma oportunidade para fortalecer sua presença no Brasil, líder global na produção de açúcar”, afirmou o diretor-presidente da Tereos, Alexis Duval.

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