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A Petrobras voltou atrás na sua decisão de suspender investimentos na Bolívia, que tinha sido anunciada em maio logo após o anúncio do governo Evo Morales de nacionalizar as reservas de petróleo e gás naquele país.

O Diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, disse que no prazo de 120 dias, estabelecido para as negociações entre a Petrobras e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), serão analisadas, além da questão do preço do gás, novas oportunidades de investimentos no país.

Apesar de não ter relacionado os projetos que serão aprovados, Sauer citou vários deles que vinham sendo avaliados pela estatal brasileira antes da nacionalização dos hidrocarbonetos feita por Morales.

Segundo ele, existem vários projetos com vistas a ampliar a capacidade de fornecimento do gás natural via Gasbol - o gasoduto que interliga o Brasil e a Bolívia. Cada empresa tem sua posição, e vamos ampliar o horizonte das conversas para além da questão dos preços do gás. O objetivo é buscar explorar possibilidades novas de interesse comum - disse o diretor, que participou do seminário Cooperação Energética nas Américas, realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais.

Antes da nacionalização, que resultou em aumento de custos para a Petrobras na Bolívia, abandono da distribuição de combustíveis naquele país e na transferência das suas refinarias para a estatal boliviana YPFB, os planos da companhia brasileira eram de duplicar o fornecimento atual de 30 milhões de metros cúbicos diários ao Brasil.

Sauer admitiu que essa idéia pode voltar à mesa de discussões.

Já o presidente da estatal brasileira, José Sergio Gabrielli, que participou de um evento em São Paulo, foi mais enfático:

- Temos um contrato aprovado no Congresso (boliviano)... que, ao nosso ver, é um contrato equilibrado, que permite rentabilidade para os investimentos, tanto nos realizados quanto para os futuros. Em função dessas condições contratuais... isso permite que avaliemos novos investimentos - disse ele a jornalistas.

Sauer explicou que o aumento do fornecimento do gás boliviano ao Brasil poderia ser feito em etapas, sendo que na primeira haveria expansão de apenas 4 milhões de metros cúbicos diários, por meio de compressão maior do gás, ou por aumento do poder calórico do combustível, técnica que aumenta o volume de energia com a injeção de mais etano e metano.

A construção de outros gasodutos ou "loops'' para ampliar a capacidade do atual Gasbol também voltaram a ser avaliadas, segundo Sauer.

Isso não descarta porém o projeto da Petrobras de importar Gás Natural Liquefeito (GNL) para ser regaiseficado em plantas instaladas em navios. As duas primeiras serão instaladas no Ceará e no Rio de Janeiro. De acordo com Sauer, mais três já estão sendo estudadas para serem instaladas no Recife (PE), Salvador (BA) e São Francisco do Sul (SC).

Pelos planos da Petrobras, "se nada for alterado'', diz Sauer, o consumo de 120 milhões de metros cúbicos de gás natural ao dia previstos para 2011, ``o equivalente a 800 mil barris diários de petróleo'', serão supridos com 70 milhões de metros cúbicos de gás da produção brasileira; 20 milhões de metros cúbicos pelo GNL e 30 milhões de metros cúbicos pela Bolívia.

Os entendimentos com a Bolívia serão fudamentais também para a implantação do projeto de integração energética da América do Sul, cujo um dos autores é o diretor da Petrobras, e que visa construir um gasoduto ligando os principais produtores (Venezuela, Bolívia, Peru e Brasil) ao consumidores da região.

"O processo de integração energética foi paralisado e agora será retomado. Acho que naturalmente as soluções surgirão'', afirmou Sauer, descartando que problemas políticas coloquem em risco a obra estimada em 20 bilhões de dólares.

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