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Unificação não irá atrasar, diz técnico

A possível unitização (termo técnico para unificação) dos blocos situados na camada pré-sal não vai atrasar o programa de exploração e produção na área de Tupi, garantiu ontem o gerente de exploração e produção para a região pré-sal, José Formigli Filho. Para ele, a possibilidade de que os blocos do pré-sal estejam interligados não pode ser transformada em crise, atrapalhando o aproveitamento do óleo presente na camada ultra profunda. Na semana passada, representantes do setor privado de petróleo e gás manifestaram tal preocupação. Formigli acrescentou que, no momento, não há "evidência responsável" que indique elementos para uma unitização imediata. Ele frisou ainda que não há impedimentos legais para o início do Teste de Longa Duração (TLD), previsto para março de 2009, com produção de 30 mil barris/dia, e para o início do projeto-piloto, em 2010, com produção prevista de 100 mil barris/dia. "À medida que identificarmos mais evidências, as decisões serão tomadas de forma natural, junto à ANP [Agência Nacional do Petróleo]", afirmou.

Faltando um mês para as eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje a produção de petróleo na camada do pré-sal no campo de Jubarte, na bacia de Campos, localizado no litoral sul do Espírito Santo. A operação em águas capixabas suaviza as reais condições a serem enfrentadas na área de Tupi, na bacia de Santos, onde repousam as esperanças ligadas às megarreservas de óleo anunciadas pela Petrobras. Do ponto de vista operacional, no campo de Jubarte, a camada de sal tem apenas 200 metros e a profundidade total do poço que será inaugurado por Lula, o 1-ESS-103, é de 4,5 mil metros. Só a camada de sal a ser atravessada na bacia de Santos pode superar os 2 mil metros – com profundidade total de 7 mil metros.

Ao contrário do grande potencial existente na bacia de Santos (só para o campo de Tupi são estimadas reservas de até 8 bilhões de barris), a Petrobras não divulgou projeções sobre as reservas do pré-sal de Jubarte. Segundo técnicos da estatal, ainda serão necessários novos testes.

Prática

Em entrevista concedida ontem, o diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse que o principal ganho a ser obtido na produção do pré-sal no Espírito Santo é o de acumular experiência prática. "É uma espécie de poço-escola, em que produzimos para ver como o reservatório se comporta. Para a Petrobras, é algo muito importante: são os primeiros dados para comprovar a existência de uma grande reserva petrolífera, que inclusive já está mapeada."

Segundo Estrella, as informações disponíveis hoje mostram que o pré-sal da bacia de Santos é "mais expressivo" do que o da bacia de Campos. Mas o diretor da Petrobras destacou que o importante era unir exploração e produção logo na primeira etapa de desenvolvimento do projeto. "É a primeira fase de uma longa etapa de conhecimento, e que vamos iniciar já com produção. É o que chamamos de ‘explotação’: ao mesmo tempo que recolhemos dados e conhecimentos também vamos produzir. É isso o que faremos amanhã [hoje]. E em março do ano que vem, em Tupi", disse.

Do ponto de vista da produção, o gerente da estatal para exploração no Espírito Santo, Márcio Félix, disse que se trata de um volume "espetacular": "São 18 mil barris por dia, o que para um poço exploratório é espetacular". Félix disse que, em 2007, já sob o horizonte descortinado pela descoberta de Tupi, a unidade do Espírito Santo decidiu retomar a pesquisa feita na região onde está o poço que entra em operação hoje. "O poço já existia. Completamos o poço, com uma linha flexível que aproveitamos de outro projeto, e conectamos a uma plataforma que já está em produção desde dezembro de 2006. É investimento modesto, que permite acessar a camada do pré-sal e obter dados fundamentais para o desenvolvimento dessa nova região."

Estrella disse que existe risco de os reservatórios no pré-sal do Espírito Santo não corresponderem às estimativas mais otimistas da Petrobras, mas que isso "faz parte do negócio". "Esse é o procedimento da indústria. As perspectivas são muito interessantes, expressivas. É preciso correr o risco, vamos produzir, perfurar mais. Isso leva em consideração o aspecto econômico. Trata-se de um teste de longa duração."

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