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Plataforma de petróleo da Petrobras: expectativa de participantes do setor é de uma elevação gradual das cotações para o intervalo de US$ 50 a US$ 60 o barril em um horizonte de até cinco anos | ABR/Petrobras
Plataforma de petróleo da Petrobras: expectativa de participantes do setor é de uma elevação gradual das cotações para o intervalo de US$ 50 a US$ 60 o barril em um horizonte de até cinco anos| Foto: ABR/Petrobras

O diretor da Agência Nacional de e Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Waldyr Barroso, observou nesta sexta-feira (19) que o preço atualmente mais baixo do petróleo desencoraja os investimentos em energia renovável. “O petróleo mais elevado é positivo porque incentiva outras fontes de energia renovável”, disse Barroso durante evento realizado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos (Amcham), em São Paulo.

De acordo com ele, o setor de energia eólica teve avanço significativo quando as cotações da commodity estavam em patamares mais elevados.

A trajetória de queda do petróleo começou em meados de 2014, quando o barril valia cerca de US$ 100 o barril. Hoje, o contrato para entrega em março era negociado em Nova York (Nymex) a US$ 30,10 o barril pela manhã desta sexta (19).

Na avaliação de Otavio Mielnik, coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas, também presente no evento, uma retomada gradual da demanda internacional, puxada principalmente pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pode fazer os preços voltarem ao nível de US$ 80 o barril até 2020.

Preço do petróleo e câmbio impõem equação difícil ao setor, diz ANP

O diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Waldyr Barroso, ressaltou nesta sexta-feira (19) que o preço baixo do petróleo e o real desvalorizado frente ao dólar impõem uma equação difícil ao setor no país. De acordo com ele, o atual cenário desafia as empresas e requer inovação, corte de gastos e diversificação.

Barroso observou que entre 2008 e 2015 os investimentos migraram dos campos terrestres para o pré-sal, que hoje responde por 35% da produção nacional de petróleo. “A ANP agora trabalha fortemente para pulverizar os investimentos e dar oportunidade a pequenas e médias empresas do setor”, comentou o diretor.

Ele reconheceu que a queda das cotações do petróleo de cerca de US$ 100 o barril em 2014 para algo em torno de US$ 30 o barril compromete a receita das petroleiras e provocou uma retração de pouco mais de 20% dos investimentos em E&P no mundo em 2014/15. “Nos acostumamos com o petróleo em US$ 100 o barril e hoje vemos US$ 40 o barril como baixo”, disse.

Ele lembrou, contudo, que oito das 12 rodadas de licitações feitas pela ANP ocorreram em um cenário de preço inferior a US$ 80 o barril. “Não se pode vincular preço do brent ao investimento porque produção ocorrerá anos depois”, completou o diretor da ANP.

No médio prazo, ele avalia que o petróleo pode oscilar entre US$ 40 a US$ 45 o barril se houver entendimento entre os principais participantes do setor, principalmente Rússia e Arábia Saudita, para estabilização do mercado.

Ajuste de prêmios

Waldyr Barroso afirmou que o governo tende a aguardar uma estabilização dos preços globais do petróleo e seus derivados para então promover ajustes nos prêmios internos da gasolina e do diesel em relação ao mercado internacional. “Acho que (o governo) só vai tomar ação depois que observar previsibilidade no valor”, disse.

Segundo ele, a expectativa de participantes do setor é de uma elevação gradual das cotações para o intervalo de US$ 50 a US$ 60 o barril em um horizonte de até cinco anos.

Barroso acrescentou que a decisão do governo de manter os preços da gasolina e do diesel elevados em relação aos níveis praticados no exterior não se deve necessariamente à situação de caixa limitado e endividamento alto da Petrobras. “Eu acredito que não seja por isso, porque no passado recente já observamos uma situação adversa, com os derivados no mercado internacional em patamares superiores aos preços domésticos”, afirmou.

O diretor da ANP ressaltou, ainda, que reajuste nos preços combustíveis é um procedimento complexo porque compromete a inflação, tendo desdobramentos macroeconômicos.

Barril para águas ultraprofundas

O coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas, Otavio Mielnik, também presente ao evento, estima que o barril de petróleo deva custar pelo menos US$ 60 o barril para que a exploração em águas ultraprofundas seja rentável.

De acordo com ele, a dramática trajetória de queda das cotações internacionais da commodity de US$ 100 o barril para cerca de US$ 30 o barril é uma reação do mercado global ao súbito acréscimo de preço em 2008, o que encorajou os produtores a expandir os volumes disponibilizados ao mercado nos anos subsequentes.

Mielnik ressaltou, ainda, que a revolução do gás de xisto (shale gas) nos Estados Unidos reduziu a influência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), permitindo que os norte-americanos colocassem no mercado mais 4 milhões de barris por dia entre 2011 e 2014. “Os produtores de xisto dos EUA têm uma versatilidade muito grande e conseguem se ajustar ao preço menor e continuar produzindo”, explicou.

Na avaliação dele, o atual cenário de cotações mais baixas deve intensificar um movimento de fusões e aquisições no setor de petróleo e gás. “Essa é a principal tendência decorrente da situação de preço baixo, o que deve ter impacto na atividade econômica”, afirmou Mielnik.

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