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Operação Compliance Zero

PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master

Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, preso pela PF.
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, preso pela PF. (Foto: Gurometal/Wikimedia Commons)

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A Polícia Federal (PF) prendeu, na noite de segunda-feira (17), o executivo Daniel Bueno Vorcaro, dono do Banco Master. A Justiça Federal de Brasília emitiu o mandado de prisão contra Vorcaro e outras seis pessoas no âmbito da Operação Compliance Zero. Após a prisão, ele foi encaminhado para a superintendência da PF em São Paulo.

Vorcaro viajaria para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em um jatinho particular. Os policiais, no entanto, já estavam monitorando o empresário, e o interceptaram no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos.

"As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada", disse a Polícia Federal em nota.

A defesa de Vorcaro disse que a viagem ocorreria a negócios, justamente para tentar vender o banco a um consórcio com empresários árabes.

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Prisão ocorre após banco ter liquidação decretada

A prisão ocorre logo após o Banco Central do Brasil (BC) decretar a liquidação da instituição, menos de um dia após o Grupo Fictor anunciar interesse na compra do Master por R$ 3 bilhões. O comunicado do BC ainda determina a indisponibilidade dos bens dos controladores e de ex-administradores do banco. Um mês antes, o órgão vetou uma oferta de compra de parte do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB).

Entre os delitos apurados pela PF estão os de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. A PF aponta para a fabricação de carteiras de crédito fraudulentas. Em outras palavras, o banco teria emitido e vendido papéis que não representavam valores reais.

Além dos mandados de prisão, a operação cumpre 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal. Parte dos mandados ocorre na sede do BRB, na capital federal. Outro mandado é ocorre na casa do presidente do banco estatal, Paulo Henrique Bezerra Rodrigues Costa.

A Justiça Federal determinou o afastamento de Paulo do cargo. Ele está nos Estados Unidos, mas já tomou ciência da operação.

Vorcaro nasceu em Belo Horizonte. Em 2018, assumiu o então chamado Banco Máxima, mudando seu nome. Ele é formado em Economia e possui MBA em finanças.

Em nota à Gazeta do Povo, o BRB informou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência e que prestou regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master. "A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades", completou (veja na íntegra mais abaixo).

Já o Governo do Distrito Federal (GDF) afirmou que o BRB mantém a capacidade plena de operação com "total segurança administrativa e financeira" e disponibilização normal dos serviços. "Não há qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição", completou em nota (veja na íntegra mais abaixo).

O GDF ainda afirmou que nomeou o servidor de carreira da Caixa, Celso Eloi de Souza Cavalhero, para a presidência do BRB no lugar de Costa.

A reportagem também entrou em contato com o Banco Master e aguarda retorno.

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O que dizem os citados

Veja abaixo o que disse o BRB sobre a operação desta terça (18) que determinou o afastamento do presidente e o cumprimento de mandados de busca e apreensão:

O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.

O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.

A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.

Veja abaixo o que disse o Governo do Distrito Federal sobre a operação:

O Governo do Distrito Federal, diante das decisões judiciais proferidas nesta terça-feira (18) que determinaram o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro do Banco de Brasília, reforça seu compromisso com a legalidade, a transparência e a plena colaboração com as autoridades responsáveis pelas investigacões.

O Governo do Distrito Federal reafirma que o BRB mantém sua capacidade plena de operação, com total segurança administrativa e financeira. Todas as rotinas bancárias, sistemas internos, serviços aos clientes, contratos vigentes, operações de crédito e compromissos institucionais seguem em funcionamento regular. Não há qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição.

O Governo do Distrito Federal, para assegurar a continuidade administrativa e financeira do BRB, indicou Celso Eloi de Souza Cavalhero para a presidência do banco. Servidor de carreira da Caixa Econômica Federal desde 1990 e atual superintendente da instituição em Brasília, Celso Eloi possui trajetória consistente em gestão financeira pública, análise de risco e governança, além de ampla experiência operacional no sistema bancário. Sua indicação será encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal, nos termos da Lei Orgânica.

O Governo do Distrito Federal informa, ainda, que medidas internas adicionais serão adotadas para reforçar os mecanismos de governança, compliance e controle interno. A administração pública distrital acompanhará de forma permanente as apurações e colaborará com todas as instâncias regulatórias e fiscalizatórias. O objetivo é assegurar a integridade dos processos, preservar o patrimônio público e fortalecer a confiança no sistema financeiro do Distrito Federal.

O Governo do Distrito Federal permanece comprometido com a estabilidade institucional do BRB e com a garantia de que todos os serviços prestados à população ocorrerão com regularidade, transparência e responsabilidade.

Correção

Uma versão anterior desta reportagem noticiou incorretamente que a prisão teria acontecido na terça-feira.

Corrigido em 18/11/2025 às 18:40

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