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Para Bresser, situação pedia corte nos juros

O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia, acredita que os resultados do PIB brasileiro confirmam a tese do Banco Central de que havia sinais de desaquecimento da economia. "Para mim faz todo o sentido o governo aproveitar este momento para baixar juros, junto com uma sinalização de ajuste fiscal, com anúncio de mais um contingenciamento da ordem de R$ 10 bilhões. Há uma espécie de troca entre baixa de juros e contenção de gastos", explicou ontem, antes de evento sobre desindustrialização promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

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Opinião

A decisão do Copom foi estranha. A repercussão, mais ainda

Fernando Jasper, editor-assistente de Economia

Como costuma ocorrer após as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o bom senso voltou a ser maltratado nesta semana. Defensores e críticos da surpreendente redução da taxa básica de juros inundaram o noticiário com avaliações tão disparatadas quanto parece ter sido a própria decisão do Copom. Nesse aspecto, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, se destacou.

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o crescimento da economia brasileira está caminhando para terminar o ano mais para 4% do que para 4,5%. Ao comentar o resultado do PIB no segundo trimestre, o mi­­nistro afirmou que espera o mesmo resultado (0,8%) no terceiro trimestre e uma aceleração no último trimestre do ano. Para 2012, o Ministério da Fazenda continua projetando um crescimento de 5%.

Mantega reconheceu que as previsões do Ministério da Fazenda e do Banco Central estão descoladas, com um BC mais pessimista quanto ao impacto da crise externa no Brasil. A autoridade monetária anunciou na quarta-feira o corte de meio ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) sob a justificativa de que o cenário externo deve afetar a economia brasileira negativamente.

"O BC tem previsão diferente da Fazenda. E as equipes vão ajustando as suas previsões de acordo com a realidade. Há uma diferença: o BC é um pouco mais pessimista do que a Fazenda. Mas, de forma geral, nós concordamos que o cenário internacional tende a puxar as economias para baixo. Inclusive o Brasil", avaliou.

Previsões

Apesar de Mantega ter reduzido sua previsão para o crescimento do Brasil em 2011, o resultado de ontem superou as expectativas recentes do governo. As projeções extraoficiais eram de que a atividade econômica apresentaria crescimento no intervalo entre 0,5% e 1%. O piso confirmaria um abalo excessivo da atividade econômica e era o cenário mais provável com que trabalhavam os técnicos da área econômica na quinta-feira. O teto mostraria que a economia estaria pousando, mas de forma suave.

Na quinta-feira, após a decisão surpreendente do Comitê de Política Monetária (Copom), o principal argumento da equipe econômica em favor do movimento do Banco Central (BC) era a desaceleração da economia brasileira, esperada para ser forte no segundo trimestre e ainda pior no terceiro. "O BC sabe que vem um resultado bem ruim amanhã [sexta-feira]", afirmavam fontes na noite de anteontem. "E isso levou o BC a incorporar aos dados um terceiro trimestre ainda pior. A redução dos juros pode ter vindo antes por causa disso", justificavam os técnicos.

Indicadores

A expectativa de uma perda rápida de fôlego do PIB vinha sendo alimentada por dados macroeconômicos divulgados recentemente. O indicador antecedente de PIB do BC, o IBC-Br, registrou retração de 0,26% no ritmo da atividade econômica em junho, na primeira queda deste tipo desde dezembro de 2008. O IBC-Br mostrou ainda que o crescimento do Brasil desacelerou bastante – e mais do que o IBGE, que apura o índice oficial, captou – no segundo trimestre: expansão de 0,69% na comparação com o trimestre anterior, contra 1,37% entre janeiro e março na mesma base de comparação.

O comportamento do mercado formal de trabalho também vinha chamando a atenção. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Tra­balho, mostram que foram criados 140.563 postos no mês de julho, recuo de quase 40% em relação a junho, quando o total de vagas chegou a 234 mil. A criação de vagas também caiu (22,5%) em relação a julho do ano passado, quando surgiram 182 mil empregos formais. No acumulado do ano, o total de empregos criados no Brasil é de 1,593 milhão, o que equivale a uma queda de 14,1% em relação ao mesmo período de 2010.

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