
O dado mais recente do Produto Interno Bruto (PIB) regional mostra que o Paraná teve o segundo pior desempenho entre todos os estados brasileiros. Em 2006, a economia paranaense cresceu apenas 2%, contra uma média nacional de 4%. Mato Grosso foi o companheiro do fim da fila: teve retração de 4,6% na comparação com 2005. Os dois estados, bastante dependentes da atividade agropecuária, foram prejudicados pelos baixos preços da soja e milho de dois anos atrás. Os dados fazem parte do levantamento Contas Regionais 2002-2006, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2006, a economia brasileira cresceu, em média, 2%. A atividade agropecuária teve participação de apenas 8,3% no PIB paranaense de 2006. O melhor índice desde o início da série, há seis anos, foi o de 2003: 13,1%. Com a forte produção agrícola, o Paraná chegou a uma participação de 6,4% no PIB do Brasil. Mas esse porcentual foi caindo e atualmente a economia paranaense representa apenas 5,8% da economia nacional. A queda mais expressiva ocorreu em 2005 (6,3% em 2004 para 5,9%), principalmente por causa da seca que derrubou a produção agrícola desse ano.
De acordo com o professor Luciano Nakabashi, do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a queda nos preços dos grãos, que teve início em 2003, afetou bastante as economias do Paraná e do Mato Grosso. "Os preços começaram a se recuperar apenas a partir de 2007. Como o dois estados são altamente dependente da produção e exportação de soja e também do milho, no caso do Paraná, eles sofreram bastante com as respectivas quedas de preço, o que ajuda a explicar o fraco desempenho dessas duas economias em 2006", explica. A atividade agrícola, que em 2003 havia crescido 24,6% no Paraná, acumula crescimento de apenas 6,2% no período de 2003 a 2006.
"A exportação de produtos agrícolas também não foi muito boa em 2006 e, por isso, os dois estados mais dependentes dos grãos sofreram mais", observa o consultor do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), Guilherme Souza e Silva. Segundo ele, o resultado econômico do Paraná foi agravado pela falta de incentivos para a produção industrial. "Os empresários pedem por mais incentivos, mas isso depende de uma decisão política dos governos. Certamente o apoio do governo federal surtiu reflexos no crescimento de outros estados", acrescenta. No período de 2003 a 2006, a indústria paranaense acumulou alta de 13%, dois pontos porcentuais abaixo do registrado no período 2003-2005.
Em 2006, dezoito das 27 unidades da federação tiveram crescimento igual ou superior à média brasileira (4,0%). A Bahia cresceu 2,7% e foi o único estado do Nordeste com resultado inferior a média brasileira. O Ceará, que teve o melhor desempenho dentre as 27 unidades da federação, com alta de 8% no PIB, foi beneficiado pelo desenvolvimento da agricultura familiar. De acordo com o IBGE, programas de incentivo, que garantiram uma renda mínima para os pequenos agricultores e o aperfeiçoamento das técnicas de produção repercutiram na alta de 35,3% na atividade agropecuária do estado.
"Quem alavancou foi, principalmente, a indústria. Os benefícios federais concedidos pelo governo federal tiveram impacto, mas apenas em parte", disse a técnica de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça. Espírito Santo, com a segunda maior alta do PIB, foi beneficiado pelas atividades de pelotização (processo que facilita as operações metalúrgicas) do minério de ferro que é produzido em Minas Gerais e também pela extração de petróleo e gás natural. Outro beneficiado pela maior produção de minério de ferro foi o Pará, que conquistou o terceiro lugar no ranking nacional de crescimento, com 7,1%.



