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Os produtores de Santa Rosa, no Noroeste gaúcho, pioneiros da soja no Brasil, terão a primeira boa safra do grão, em termos de produtividade e preços, desde a temporada 2002/03, quando a produção foi ``cheia'' e a saca de 60 quilos chegou a valer 50 reais, segundo o gerente da Cotrirosa, a principal cooperativa local.

``A novidade é justamente que teremos safra, após duas completamente frustradas'', disse à Reuters Jairton Dezordi, que também é engenheiro agrônomo na Cotrirosa.

Segundo ele, a expectativa para 2006/07 é de ``um rendimento em torno de 40 sacas por hectare, e com o mercado se apresentando mais favorável.''

Em 2005/06, a produtividade dos cooperados da Cotrirosa até que não foi das piores, de cerca de 33 sacas por hectare, mas o preço do produto estava muito ruim, girando em torno de 22 reais a saca. Agora a tendência de comercialização é de um valor de no mínimo 27 reais, acompanhando a alta do mercado internacional, sustentado pela agroenergia.

Para piorar, a safra passada havia sido precedida de uma produção medíocre em 2004/05, quebrada pela forte estiagem, que rendeu apenas três sacas por hectare, em média, nos 12 municípios de atuação da cooperativa.

Apesar da forte crise gerada pelas frustrações recentes, os produtores da região -que começou a plantar soja há 83 anos, quando o pastor norte-americano Albert Lenhbauer distribuiu as primeiras sementes no Brasil para a população local-, conseguiram investir razoavelmente nesta safra.

``Na ocasião de plantio, o agricultor ainda não conseguia saber como estariam os preços. Aconteceu que ele apostou, diante de previsões melhores de tempo.''

``Ele fez a parte dele'', avaliou Dezordi. Tanto que toda a área plantada da Cotrirosa, formada principalmente por pequenas propriedades familiares de 15 hectares em média, teve queda de apenas 1,5 por cento em 06/07, para 164,6 mil hectares.

A expectativa de colheita nessa área é de 390 mil toneladas, nos 12 municípios de atuação da cooperativa, contra 270 mil toneladas da média dos últimos cinco anos.

O Rio Grande do Sul, o terceiro produtor nacional, deve ter uma safra recorde este ano, que pode se aproximar de 10 milhões de toneladas, segundo os mais otimistas.

Nos últimos anos, a crise econômica na micro-região de Santa Rosa, um município de 70 mil habitantes, só não foi maior porque a área é uma das principais produtoras de leite do Estado, e isso permitiu às pessoas viverem de outra atividade.

O Noroeste do Rio Grande do Sul (onde está inserida a região de Santa Rosa) planta entre 30 e 35 por cento da soja gaúcha.

Euforia e cautela

Apenas 20 por cento da área plantada com soja pelos cooperados da Cotrirosa está em maturação, e o restante ainda em enchimento de grãos, o que significa dizer que até a colheita ganhar força a maioria das lavouras ainda precisa de mais 20 a 30 dias de chuvas razoáveis para que seja confirmada a safra.

E a meteorologia promete essas precipitações, o que mantém a euforia dos agricultores locais. Por outro lado, eles devem direcionar o rendimento extra para o pagamento de dívidas das safras anteriores, segundo o gerente técnico da cooperativa, que deve aumentar o faturamento total de 86 milhões de reais, em 2006, para aproximadamente 100 milhões de reais este ano.

Segundo o agrônomo, que há 18 anos trabalha na cooperativa, os produtores tenderão a manter a cautela em 2007, a maioria não pensa em comprar máquinas, como ocorreu em 2002/03.

Além disso, ressaltou ele, o lavrador já percebeu que os preços dos insumos subiram, o que deve influenciar no plantio de trigo no inverno e também na próxima safra de verão.

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