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Paris – "Não vamos abandoná-la. Vamos batalhar." Foi assim que o presidente mundial da Renault, Carlos Ghosn, definiu o futuro da cambaleante operação brasileira da montadora – que nos últimos anos vem se afastando cada vez mais de seu objetivo inicial de conquistar o posto de quarta marca mais vendida no país. Segundo ele, a fábrica de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, vai passar a fabricar cinco novos modelos sob a marca Renault até 2009.

O executivo, que é brasileiro, manteve em segredo o tamanho do investimento para o plano. Até 2007, quando começa a produção da linha Logan, serão aportados US$ 120 milhões (R$ 280 milhões) na unidade paranaense. Outros investimentos podem ser anunciados para viabilizar novos lançamentos até 2009.

Ghosn anunciou ontem, na capital francesa, o planejamento global da companhia para os próximos quatro anos, batizado de "Contrato Renault 2009". As maiores ambições do projeto são elevar a margem de lucro dos atuais 3,2% para 6% e aumentar em 800 mil as vendas mundiais da multinacional até 2009, o que exige um crescimento anual de 8% a partir dos 2,533 milhões de unidades vendidas no ano passado. Trata-se de um belo desafio, já que em 2005 o crescimento limitou-se a 1,7%. Na projeção, a operação européia responde por um aumento de vendas de 250 mil veículos e os demais países por 550 mil.

O presidente da Renault avisou que haverá cortes de gastos em diversas áreas. Homem número um da empresa há nove meses, Ghosn é conhecido como um "cost killer" (matador de custos) desde a época em que dirigiu a Nissan. Mas, contrariando os rumores, o presidente da montadora não anunciou o fechamento de fábricas deficitárias nem a demissão de empregados.

Todos os 126,6 mil funcionários da empresa devem ser mantidos nesse período, incluindo os cerca de 3 mil trabalhadores da fábrica paranaense. Apesar do fraco desempenho da montadora no Brasil, a empresa decidiu tentar mais uma vez. Provavelmente a última, já que todos os projetos que não entrarem nos eixos ate 2009 correm o sério risco de ser reavaliados.

"O desempenho da fábrica brasileira é uma frustração para a Renault", disse Ghosn para uma platéia de 400 jornalistas de diversos países reunidos na sede da empresa, no bairro de Boulagne-Billancourt. "Não fomos eficazes em nossas operações no exterior, e a fábrica brasileira e o exemplo mais caricatural disso." O executivo lembrou que, embora a Renault tenha investido US$ 1,35 bilhão no Brasil desde 1997, possui hoje apenas 2,9% de participação no mercado brasileiro.

Embora tenha deixado claro que a empresa dará mais atenção à filial brasileira, Ghosn reiterou que a hora, para todas as operações da Renault, é de "fazer mais com o que já temos". Ou seja, aproveitar melhor as fábricas existentes. Várias sofrem com o excesso de ociosidade. "Temos uma situação preocupante em algumas unidades da França e de outros continentes, que estão utilizando menos de 40% da capacidade instalada", disse. É o caso da unidade de São Jose dos Pinhais, cuja utilização é de 30%.

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