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A Bolsa de Valores de Caracas despencou nesta terça-feira, um dia depois de o presidente Hugo Chávez anunciar o projeto de mudar as leis venezuelanas para estatizar totalmente empresas de setores estratégicos, como telefonia, eletricidade e petróleo, de forma a colocar o país na rota do que chamou de "república socialista da Venezuela".

A bolsa venezuelana despencou 18,7%. As ações da empresa de telecomunicações CANTV, antes uma referência do mercado e agora colocada por Chávez na mira das estatizações, caíram mais de 30%. Detalhe: a CANTV é vista pelo presidente venezuelano como opositora ao seu regime.

A comissão de valores mobiliários do país pediu calma aos investidores. O órgão também informou a suspensão dos negócios com as ações da Electricidad de Caracas, depois de o papel ter despencado 20%.

Além de querer estatizar totalmente os serviços de telefonia, eletricidade e petróleo, o presidente venezuelano também anunciou que vai tirar a autonomia do Banco Central do país e substituir os poucos membros do governo que não concordam com um maior controle estatal da economia.

Por contar com o apoio do Parlamento venezuelano, composto em sua maioria por chavistas, a avaliação de analistas é que Chávez não terá nenhuma dificuldade em provar as medidas.

Petrobras

Chávez disse que projetos de pré-refino de petróleo na região do Orinoco - a mais rica do país em produção de óleo - serão transformados em "propriedade do Estado''. Mais detalhes sobre os planos serão conhecidos na quarta-feira, segundo o Ministério de Finanças da Venezuela.

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que o plano estatizante de Chávez não altera as relações entre a petrolífera brasileira e a estatal venezuelana do setor, a PDVSA.

- Continuamos discutindo com a PDVSA diversos projetos de interesse. Isso não altera em nada as nossas discussões e relações em projetos na Venezuela - afirmou Gabrielli a jornalistas.

Gabrielli não soube informar o montante de investimentos da Petrobras na Venezuela, ressaltando que os negócios da estatal brasileira no país vieram junto com a aquisição da empresa argentina Perez Companc.

A Petrobras tem discussões com a PDVSA sobre uma refinaria em Pernambuco, a participação no gás em Mariscal (Venezuela) e a fatia da estatal brasileira em campos maduros venezuelanos, informou o presidente da estatal.

De acordo com Gabrielli, "não é surpresa para ninguém'' que Chávez iria "aumentar a participação do Estado sobre as riquezas'' do país.

- A estrutura legal da Venezuela e os termos das condições de negócios são dados. As pessoas aceitam o risco ou não aceitam. Não há petróleo em lugar calmo no mundo. Se você for investir no Iraque, no Irã, na China, na Líbia, na Nigéria, em Angola... qualquer país do mundo tem problemas. O petróleo, infelizmente, não dá em país muito calmo - disse Gabrielli.

Nesta terça-feira, o Unctad (agência das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento) informou que o fluxo de investimentos estrangeiros cresceu em todo o mundo, mas sofreu desaceleração na América Latina.

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