Desde meados da década passada, montadoras como a Volkswagen/Audi, a Renault/Nissan e a "finada" Chrysler investiram cerca de US$ 2 bilhões em fábricas na região metropolitana, juntando-se às veteranas Volvo e Case New Holland (CNH), instaladas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
Na tentativa de capacitar as empresas paranaenses a se tornarem fornecedoras das montadoras que estavam chegando, o Sindimetal-PR criou, em 1997, o Programa Paraná Automotivo. A idéia era auxiliá-las a modernizar produção, recursos humanos e administração de custos, além de incentivar fusões e aquisições, para constituir empresas maiores com a escala de produção e o padrão de qualidade exigido pelas montadoras.
Noventa empresas paranaenses se habilitaram a participar do programa mas, nove anos depois, somente 18 atendem à cadeia automotiva. Outras 53 vieram de fora do estado. "Em alguns casos, dez anos é muito pouco para consolidar um pólo automotivo", ponderou Élcio Rimi, ex-presidente do Sindimetal-PR. Ricardo Cipullo, diretor da Brose do Brasil, acrescentou que, em Minas Gerais, a Fiat demorou 17 anos para consolidar um pólo de fornecedores.
Apesar dos percalços, os participantes do debate sobre o setor automotivo foram unânimes na afirmação de que o pólo automotivo promoveu uma pequena revolução industrial no Paraná. "Até 1997, o setor de materiais de transporte [veículos e autopeças] respondia por 9% do faturamento industrial do Paraná. Hoje, responde por 19%", disse Maurílio Schmitt, chefe do departamento econômico da Fiep.
Segundo ele, isso provocou importante avanço nos salários, uma vez que a indústria de materiais de transporte paga, em média, pouco mais que o dobro da indústria de transformação em geral. A cidade de São José dos Pinhais, onde se instalaram Volks e Renault, é outro exemplo das mudanças provocadas pelas indústrias automobilísticas: segundo Schmitt, a participação da cidade no recolhimento de ICMS no estado era de 1,9% antes das montadoras; hoje, é superior a 4%.
O consultor José Roberto Ferro, que auxiliou o Sindimetal-PR na criação do Paraná Automotivo, aproveitou esses dados para, sem citar nomes, alfinetar o atual governo estadual. O governador Roberto Requião é crítico declarado dos incentivos fiscais que atraíram as montadoras. "Já pensou o que o estado teria deixado de ganhar em empregos e faturamento?", questionou. (FJ)
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