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Em busca de novas maneiras de conquistar o consumidor, algumas companhias investem pesadamente em pesquisa e mantêm verdadeiras estruturas de laboratório diretamente ligadas à produção.

Apesar da grande quantidade de dinheiro necessária para desenvolver novidades e do risco de ver as novas idéias fracassarem, o esforço em inovar vale a pena, segundo executivos consultados pelo G1.

Eles afirmam que agregar elementos novos aos negócios ajuda a garantir produtos modernos e uma posição no mercado à frente dos concorrentes.

Segundo especialistas, não basta ter uma idéia brilhante para realizar uma inovação em uma empresa. "As pessoas confundem inovação com descoberta. Inovação é incorporar um valor ao seu produto ou processo de fabricação que você antes não usava, mas podia já ser utilizado por outros. Não precisa ser inédito", explica o diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica (Protec), Roberto Nicolsky.

Um exemplo é o da rede de perfumes O Boticário. Há dois anos, para lançar um perfume mais sofisticado e atrair compradores de renda mais elevada, a empresa resgatou uma técnica antiga de fabricação muito mais cara do que as tradicionais. Usando gordura vegetal, permite extrair puramente a essência das pétalas das flores, em vez de copiá-las quimicamente.

Além disso, o Boticário fabricou um perfume produzido com álcool de vinho e macerado em tonéis de carvalho (como a bebida) e usou nanotecnologia, que manipula objetos na escala de um milionésimo de milímetro, em um creme de tratamento para a pele.

"Inovar é um trabalho constante e é uma prioridade. Acreditamos que isso faz a diferença para o nosso cliente", diz o diretor de pesquisa e inovação da rede, Israel Henrique Feserman.

Na empresa, 91 funcionários, entre biólogos, químicos, farmacêuticos, engenheiros químicos e estatísticos trabalham constantemente em um centro de desenvolvimento em Curitiba, no Paraná.

Fachada móvel

Na calçadista gaúcha Grendene, os R$ 12 milhões que a empresa investe anualmente em pesquisa e desenvolvimento se refletem nas lojas: em uma delas, criada especialmente para vender as sandálias de plástico Melissa e localizada na sofisticada rua Oscar Freire, em São Paulo, os produtos são exibidos com pompa de obra de arte. Além disso, a fachada da loja-galeria é transformada a cada quatro meses.

"Trocamos as cores da fachada com adesivos porque queríamos dar à loja essa cara mutante, que traduz bem a cara da Grendene e a preocupação com inovação", diz o gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa, Edson Matsuo.

O esforço na busca de novidades rendeu frutos: em maio, a Grendene ficou em segundo lugar no ranking do Índice Brasil de Inovação, elaborado por pesquisadores do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências (DPTC/IG/Unicamp).

A Electrolux, fabricante sueca de eletrodomésticos com fábricas em São Carlos, Manaus e Curitiba, mantém na capital paranaense um centro de design que abastece com idéias todas as unidades da rede na América Latina.

De tanto acreditar na importância da inovação, a empresa optou por investir mais em pesquisa e desenvolvimento que em marketing e divulgação.

"Não podemos investir em produto e publicidade ao mesmo tempo. Tivemos que decidir por um dos dois, senão íamos acabar prometendo uma coisa que não poderíamos entregar", diz Julio Bertola, diretor do centro de design da Electrolux.

Recentemente, a empresa lançou um fogão com forno duplo, que torna possível cozinhar alimentos diferentes ao mesmo tempo, sem misturar os cheiros dos pratos.

"Dá para cozinhar um jantar completo de uma vez", diz. Do surgimento da idéia até o fogão chegar às lojas, foi um ano e meio de pesquisas e testes com consumidores. Testamos insistentemente, para não ter risco quando chegasse ao consumidor", diz. Sem apoio

Para chamar a atenção do público de crianças e adolescentes, a gaúcha Calçados Bibi adicionou rodas e molas aos seus calçados: lançou recentemente o modelo Big Jump, que pula; antes, a empresa já havia lançado um tênis com rodinhas acopladas, como um skate.

Os executivos da companhia, com sede no Rio Grande do Sul, fábrica da Bahia e aproximadamente 40 pessoas dedicadas exclusivamente à pesquisa, reclamam da falta de incentivo para quem quer investir em pesquisa e desenvolvimento corporativo no Brasil.

"É muito complicado conseguir verbas do governo, tem muita burocracia", diz o presidente da Bibi, Marlin Kohlrausch.

"Nós temos condições de usar dinheiro próprio, por isso conseguimos. Mas, muitas vezes, não na velocidade que gostaríamos", diz.

Segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de empresas que fizeram algum tipo de inovação do Brasil de 2003 a 2005 permaneceu estável em relação ao período de 2001 a 2003: passou de 33,3% para 33,4%.

"As empresas no Brasil em geral estão desestimuladas porque inovar sempre representa um risco. Os países em que o governo apoiou são os que hoje têm crescimento forte, como Japão, Coréia, Taiwan, China", diz Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica (Protec), entidade que estimula a inovação tecnológica nas empresas.

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