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Veja tabela comparativa entre o número de voluntários no Brasil e nos demais países |
Veja tabela comparativa entre o número de voluntários no Brasil e nos demais países| Foto:

Motivos

Nem tudo é altruísmo na hora de ajudar

Baseadas em estudos sobre a angariação de fundos, organizações não governamentais nos EUA estão aprendendo como arrecadar dinheiro. As pesquisas mostram que há muito pouco altruísmo no ato de doar – muitas vezes, é até egoísta, porque visa sentir-se bem, e não propriamente fazer o bem, ainda que isso possa ser uma consequência. Tomar conhecimento disso pode ser importante para estabelecer uma estratégia mais eficiente de arrecadação.

Pesquisa conduzida por professores de Yale com estudantes da universidade, por exemplo, mostra que os indivíduos contribuem mais para uma causa quando recebem reconhecimento público por isso – no caso, uma carta com o nome dos que doaram dinheiro foi distribuída no câmpus. Quando eram informados de que os doadores seriam divididos em grupos de acordo com a quantia doada, os indivíduos também aumentaram o valor das doações.

Outra estratégia bem sucedida é a chamada "matching pledge" (algo como "compatibilizar uma promessa"): a cada quantia determinada que um doador oferecer, outro doador se compromete a igualar a oferta. Quando um indivíduo fica sabendo que o valor de sua doação será dobrado, a quantidade oferecida é maior.

Pesquisadores também descobriram que é mais eficiente arrecadar dinheiro com uma rifa do que apenas pedindo dinheiro. Outro estudo mostra maior disposição para doar quando quem está pedindo a contribuição é uma mulher atraente. Dependendo do "nível de atratividade" da mulher, as doações são até 100% maiores. (BB)

Falta incentivo fiscal no país

Um dos entraves para o crescimento das doações individuais no Brasil é a falta de uma política de incentivo fiscal mais eficiente.

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  • Veja alguns dos bilionários que se comprometeram a doar metade da fortuna

Eles já fizeram muito pela humanidade: inventaram o Windows, o eBay e o Darth Vader. Agora, eles querem deixar a "disposição para o bem" um pouco mais clara. Com um projeto chamado "The Giving Pledge", bilionários americanos se comprometeram a doar metade de suas fortunas a instituições de caridade. Liderado por Bill Gates, fundador da Microsoft, e pelo megainvestidor Warren Buffet, o clubinho de homens mais ricos dos Estados Unidos que querem ajudar os pobres já conta com 38 membros. Se bem sucedida, a iniciativa pode transferir até US$ 600 bilhões para os bolsos de ONGs e entidades de ajuda. Apenas para efeito de comparação, o Paraná leva mais de quatro anos para criar riqueza semelhante.

Comparado aos EUA, o trabalho voluntário e as doações ainda engatinham por aqui. A filantropia promovida pela iniciativa privada brasileira chega a 0,5% do PIB – numa lista de 36 países, o Brasil é o 30.º, atrás de nações como Co­­lômbia, Uganda e Quênia. Nos EUA, o valor é de 3,9%. Cercado pela presença constante da miséria, que poderia indicar um maior entusiasmo em ajudar o próximo, a pergunta que se faz é: por que o brasileiro doa tão pouco?

A resposta pode estar numa combinação de fatores: razões históricas, conscientização da elite, políticas de incentivos fiscais e até a eficiência das entidades em captar dinheiro. "É aquele história: pau que nasce torto nunca se endireita", diz Ricardo Lessa, jornalista e autor do livro Brasil e EUA: O que fez a diferença (Civilização Brasileira). "No primeiro livro de História escrito no Brasil, do Frei Vicente de Sal­vador, de 1627, ele diz o seguinte sobre o país: ‘nenhum homem nessa terra é republico, nem zela ou trata do bem comum, senão de cada um do bem particular’. Isso ele falou a propósito de uma visita de um bispo, que não encontrava nada nas ruas. Tudo estava na casa das pessoas, dos senhores. Quer dizer, o amor pela coisa pública não está na raiz da formação brasileira. Isso tem uma relação direta em como se desenvolveu a filantropia por aqui", diz.

Do Metropolitam Museum of Art novaiorquino às principais universidades, o número de instituições americanas que contam com o dinheiro de doações para se manter é extensa. No Brasil, a mentalidade é outra. "Os magnatas americanos sempre sentiram essa necessidade de querer retribuir algo para a comunidade onde vivem. Aqui, predomina a cultura que a gente herdou da monarquia. As universidades, os museus, estão todos pendurados no Estado", diz Lessa.

Importância

Mas em que medida a filantropia é importante para o desenvolvimento de um país? Para alguns, ela é a questão mais importante para explicar o sucesso econômico dos americanos. "Teoria e experiência histórica indicam que os mercados podem ser eficientes, mas eles não são necessariamente justos. A oportunidade é a força que move o empreendedor, que concentra a riqueza, e que, por sua vez, pode agir em seu próprio interesse e perpetuar a desigualdade. Somente através de doações – em particular, através da ação organizada em grande escala de fundações filantrópicas – o desequilíbrio inerente ao crescimento capitalista é corrigido para criar um processo autossustentável de criação de riqueza, inovação social e oportunidade. Quando a riqueza é reconstituída através de doações para criar novas oportunidades, um ciclo virtuoso segue: oportunidade cria empreendedorismo; empreendedorismo gera riqueza e riqueza, por sua vez, cria oportunidade. Esta é a dinâmica interna do capitalismo americano e a fonte de sua prosperidade", escreveram Philip Auerswald e Zoltan J. Acs, professores de política pública da George Manson University, nos EUA, num artigo intitulado "Definindo a Prosperidade" e publicado na revista The American Interest.

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