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Refrigerador de barro permite armazenar parte da produção | Tomas Bertels
Refrigerador de barro permite armazenar parte da produção| Foto: Tomas Bertels

O museu de design Cooper-Hewitt, de Nova Iorque, montou a exposição "Design para os outros 90%", em que mostrava diversas tecnologias sociais. A mostra faz surgir a pergunta: por que você não pensou nisso antes? Um dos exemplos mais interessantes é uma grande garrafa em forma de pneu, criada por uma empresa da África do Sul. Ao invés de carregar a água sobre a cabeça ou ombros, o usuário do Q-Drum só precisa passar uma corda pelo buraco do garrafão. Ao ser puxada, ela gira como uma roda.

Outro exemplo é um conjunto de dois potes de barro que funcionam como um refrigerador. O pote maior é preenchido com água e areia, enquanto no menor, que é encaixado na vasilha grande, vão os produtos a ser guardados. Quando evapora, a água retira calor do pote menor. Os ganhos provocados por esses pequenos avanços são difíceis de visualizar para quem nunca viveu sem água encanada ou uma geladeira. O garrafão rolante, por exemplo, diminui o número de viagens feitas até poços distantes. O refrigerador artesanal permite que a produção seja guardada por alguns dias, até que possa ser levada a um mercado.

O Brasil teria bons exemplos para levar à exposição do Cooper-Hewitt. No semi-árido nordestino, onde há sol em abundância e pouca água limpa, ONGs têm estimulado as famílias a usar garrafas pet para tratar o líquido. Basta encher os recipientes e deixá-los algumas horas sob a luz solar, que se encarrega de matar os microorganismos. Outra tecnologia que se popularizou no país é a colher usada para preparar o soro caseiro: tem duas medidas, uma para o sal, outra para o açúcar. Custa centavos e ameniza os efeitos perversos da desidratação em crianças.

A lista de exemplos vai longe. "Não são coisas que interessem às grandes empresas, nem que apareçam nos cálculos macroeconômicos sobre o Produto Interno Bruto", diz o cientista político Ricardo Neder, professor da Universidade de Brasília (UnB) e diretor do Observatório do Movimento pela Tecnologia Social. "Mas os resultados aparecem no longo prazo, com a redução da pobreza e uma sociedade mais justa." (GO)

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