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Muitos jovens me perguntam: "O que devo fazer para alcançar o sucesso profissional?" Nessas ocasiões, eles esperam que lhes sejam fornecidas fórmulas, talvez mágicas, que garantam tudo aquilo que eles acham que o conceito abrange. Noto, igualmente, que eles classificam um indivíduo como bem-sucedido de acordo com o volume de dinheiro que este ganha. Na visão de muitos, o dinheiro é a melhor representação, a melhor maneira de mensurar o sucesso de alguém. Para as pessoas com essa mentalidade, ter a posse de empresas e propriedades, entre outros bens, está acima de todas as coisas. Não são poucos os que encaram qualquer sacrifício para atingir aquilo que hoje vemos como um alto patamar de consumo e que o fazem sem pensar nas conseqüências dessa busca desenfreada.

Antônio é um executivo considerado de sucesso. Aos 57 anos, ele tem um patrimônio econômico razoável, composto por diversos imóveis (além de sua residência, o profissional tem uma casa no campo, uma na praia e algumas outras alugadas) e ações na bolsa de valores, além de uma remuneração bastante atraente na empresa em que trabalha.

O executivo é um hard worker; ou seja, ele explora a fundo as questões a que se dedica, sem se importar com o tempo que isso lhe custa. Exemplo: quando em determinada época fazia o recrutamento de um gerente para sua área, um dos candidatos lhe disse que só poderia comparecer à entrevista em uma sexta-feira à noite, após as 20h. Diante dessa condição, Antônio não teve dúvida: aceitou esperar o pretendente ao cargo no horário sugerido. A conversa entre eles se estendeu por quase quatro horas. Em função dela, naquela ocasião o executivo chegou em casa à 1h da madrugada.

Somado a isso, sempre que precisa fazer uma apresentação para seu presidente, para acionistas ou para subordinados, Antônio não descansa enquanto não tem a certeza de que o evento em questão será o melhor de sua vida. Com o intuito de conquistar tal segurança, ele compromete sábados, domingos e feriados. Para completar esse quadro, Antônio, como diretor de Vendas e Marketing de uma organização presente em muitos Estados do Brasil, tem previstas entre suas atividades viagens constantes para visitas a clientes e a escritórios regionais.

Morador de uma cidade grande, cujo trânsito é infernal, ele sai de casa às 6h da manhã (muito antes do necessário) para fugir dos congestionamentos. Pelo mesmo motivo, apesar de seu expediente terminar às 18h, ele volta bem mais tarde. No fim das contas, Antônio acaba saindo da firma às 20h. Nas noites em que não há nenhum jantar com clientes, ele consegue chegar em casa uma hora e meia depois de deixar a empresa.

Certo dia, ao final de mais uma jornada atribulada de trabalho, foi surpreendido por uma notificação judicial, na qual constava o pedido de divórcio feito por sua esposa, com quem vivia há 20 anos e tinha uma filha de 18. A separação, duramente assimilada, levou Antônio a aumentar consideravelmente sua dedicação à rotina profissional e, ao mesmo tempo, a se isolar cada vez mais das pessoas. Hoje Antônio está bem de vida, tem sucesso financeiro e profissional, mas está só. Em nosso último encontro, confidenciou: "Abriria mão do que tenho se pudesse voltar no tempo e fazer tudo bem diferente."

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Como Antônio, muitos profissionais - salvo raras exceções - que conquistaram um patamar de vida elevado chegaram também a um alto nível de infelicidade, justamente por valorizarem muito o dinheiro. Invariavelmente, eles afirmam que receberam como brinde, ao atingir o sucesso, uma dose complementar de frustrações, problemas e tristeza.

O sucesso cobra uma conta alta e gera também muitos desgostos e dissabores. Poucos se perguntam "Como posso melhorar minha conduta pessoal?", "Como alcançar êxito interior?" ou "Como posso melhorar como pessoa e também como profissional?". Essas questões, embora inicialmente pareçam sem importância, são extremamente relevantes em tempos em que o centro da questão não é "ter", mas "ser" sucesso. Por esse motivo é que para se considerar realmente bem-sucedida uma pessoa deveria reunir as seguintes características: ser feliz no trabalho, prezar a convivência com a família e com os amigos e manter uma postura ética perante a sociedade.

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Unidas pela solidariedade

Há 21 anos, a Acridas, Associação Cristã de Assistência Social, protege crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social por meio de uma série de projetos. A maioria deles inclui casas-lares, que têm como principal finalidade conceder abrigo e apoio a crianças que, por diversos motivos, estão separadas de seus pais. Hoje a associação auxilia, aproximadamente, 300 jovens. Além das casas-lares, a Acridas mantém creches e programas de reinserção dessas pessoas à comunidade. A entidade conta com o amparo da sociedade civil e de empresas que, graças à quantia financeira que disponibilizam, colaboram com a Acridas na compra de alimentos, roupas e outros artigos. Esse é o caso de um grupo de sete organizações (TeleCorp, do ramo de tecnologia da informação; Magistral - Impressora Gráfica Industrial e Graficor, da área de materiais gráficos; Printcor e Hélio Color, que produzem vernizes; Zanatto, produtora de plaquetas e chapas; e Kapersul, de comercialização de papéis), que coopera doando cestas básicas e dinheiro. O contato com a entidade pode ser feito pelo telefone (41) 3256-5610.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.

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