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O Banco Rural anunciou oficialmente nesta quarta-feira que os acionistas controladores tomaram medidas duras para melhorar a imagem e a situação financeira da instituição, abalada pelo escândalo político envolvendo empréstimos ao PT e ao publicitário Marcos Valério. Entre as medidas estão um provisionamento de R$ 156 milhões para créditos de difícil recebimento - inclusive os R$ 56 milhões emprestados ao publicitário Marcos Valério- e o fechamento de 30 de suas 79 agências, além de um programa de enxugamento de pessoal.

O banco confirmou que Paolo Zaghen, ex-diretor do Banco Central e ex-presidente do Banco do Brasil; Gustavo Loyola, também ex-presidente do BC; Nelson Carvalho, ex-diretor do BC; e Caetano Vasconcellos Neto, especialista em direito bancário, estão sendo contratados como consultores pela holding do Rural, a Trapézio S.A, para elaborar um projeto estratégico para o banco.

Como conseqüência do provisionamento, o balanço registra um prejuízo de R$ 129,7 milhões e redução do patrimônio líquido de R$ 636,13 milhões no primeiro semestre de 2004 para R$ 525 milhões no fim de junho. Nesse período, os ativos totais do banco tiveram uma redução drástica, de R$ 7,59 bilhões para R$ 4,64 bilhões. Os depósitos totais baixaram de R$ 4,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões. As medidas reduzem o tamanho do banco, "preservam sua saúde financeira e reforçam sua solidez", dizem os controladores, em carta que acompanha o balanço.

Leia, a seguir, a íntegra da nota divulgada pelo banco:

"O Banco Rural publica nesta quarta-feira, dia 31 de agosto, seu balanço financeiro referente ao primeiro semestre de 2005. As demonstrações financeiras vêm acompanhadas de uma série de medidas tomadas pela instituição financeira para seu reposicionamento junto ao mercado financeiro.

A primeira delas é a redução da estrutura física e de seu quadro de funcionários, com o objetivo de otimizar sua rede e, conseqüentemente, suas despesas, face à nova realidade, preservando-se a qualidade do atendimento aos clientes. Para isso, o Rural deu início, na ultima segunda-feira, dia 29 de agosto, a um Programa de Demissão Voluntária, com o intuito de oferecer a seus colaboradores a oportunidade de recolocação no mercado de trabalho.

O Banco Rural também realizou o provisionamento de R$ 156 milhões, correspondentes a todos os créditos concedidos a clientes que foram considerados de difícil realização pelo Banco Central. Devido a este posicionamento, o balanço publicado registra prejuízo de R$ 130 milhões, em 30 de junho de 2005, fato provavelmente inédito no Brasil envolvendo um banco de médio porte em pleno funcionamento. Como medida imediata para recuperar este resultado, já iniciamos uma política agressiva de recuperação de créditos, com a execução judicial de todos os tomadores e seus avalistas, dos créditos vencidos, não pagos e totalmente provisionados.

O patrimônio líquido do Banco Rural permanece positivo e bastante significativo, num total de R$ 525 milhões, mesmo com a absorção do prejuízo excepcional e imprevisto.

O ajuste anunciado e as medidas de redução de custos efetuadas pela atual Administração demonstram a total ruptura com os problemas do passado, todos reconhecidos e absorvidos por inteiro no patrimônio pertencente aos acionistas. Prova da relação de transparência que sempre pautou a relação do Banco Rural com seus clientes, funcionários, Autoridade Monetária e mercado.

Para colaborar com os controladores e ajudar a instituição a desenhar um novo futuro para o Banco Rural, foram contratados pela holding Trapézio S.A (que detém o controle acionário do Banco), quatro consultores do mercado de capitais. São eles, Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, Paolo Zaghen, ex- diretor do banco Central e ex-presidente do Banco do Brasil, Nelson Carvalho, ex-diretor do banco Central, além do advogado Caetano Vasconcellos Neto, especialista em Direito Bancário. Vale destacar que todos só aceitaram o trabalho, após serem informados pelos acionistas que o balanço do Rural incluiria toas as providências contábeis determinadas pelo Banco Central, junto com o compromisso da instituição em adotar as ações e medidas de saneamento necessárias para o reposicionamento do Banco.

Sob a coordenação dos consultores, o Rural irá retomar a implantação das medidas de modernização tecnológica e de melhorias e aprimoramento de processos e mecanismos de gestão, iniciados em 2004, a partir de estudos preparados, então, pelas consultorias Amaná-Key, Accenture, Hay do Brasil e Mckinsey. Além das áreas de negócios, toda a Governança Corporativa deverá ser revista e serão introduzidas medidas necessárias para reforçar ou corrigir os controles internos de "compliance"'.

Os consultores também irão acompanhar e orientar o planejamento estratégico de reposicionamento do novo Banco Rural quanto ao seu futuro no Sistema Financeiro Nacional em todos os aspectos: áreas geográficas, mercados de atuação e estrutura de capital. Vale ressaltar que nenhum destes profissionais tem qualquer função executiva em qualquer empresa do Conglomerado Rural, nem em sua holding.

Se por um lado as medidas reduzem o tamanho do Banco, por outro preservam sua saúde financeira e garatem sua solidez. A partir de agora, o Rural terá as condições indispensáveis para a retomada da normalidade de seus negócios, totalmente descontaminadas de questionamentos do passado".

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