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Pecuaristas e frigoríficos do Paraná terão de esperar mais alguns dias para saber se realmente há focos de febre aftosa no estado. De acordo com o chefe do setor de virologia do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém (PA), Antônio Júlio Montenegro, o resultado definitivo deve sair somente no início da semana que vem. Nesta terça-feira à noite, Montenegro informou que deu negativo o exame das vísceras do boi abatido há dois dias na Fazenda do Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar).

Segundo reportagem de Fernando Jasper e Valmir Denardin, da Gazeta do Povo desta quarta-feira, Montenegro esbravejou contra a qualidade das demais amostras enviadas pelo Paraná – as mais recentes chegaram ontem à tarde. "Já informei para o pessoal do Paraná e para a coordenação do Ministério da Agricultura que não posso mais colocar o nome do laboratório em jogo. Recebemos críticas injustas todos os dias, mas estamos fazendo todo o esforço possível para dar essa resposta aos produtores paranaenses. Acontece que as amostras que chegam aqui são de péssima qualidade."

O teste concluído nesta terça foi rápido porque, ao contrário do que aconteceu com outros animais analisados, as células epiteliais coletadas no boi do Cesumar foram suficientes para que se chegasse a uma conclusão. No entanto, ainda estão em curso as análises das amostras de outros 30 animais, de seis municípios paranaenses (Amaporã, Grandes Rios, Loanda, Londrina, Maringá e Toledo). Essas amostras passarão por outro procedimento, bem mais complexo, chamado de "probang". Trata-se da análise de células retiradas do esôfago e faringe dos animais.

O laudo sobre esse material – que mostrará, definitivamente, se há ou não aftosa no Paraná – deve ficar pronto somente na terça-feira da semana que vem. "Por enquanto, tudo indica que não é aftosa o que os animais têm. Pode ser uma estomatite vesicular ou outro tipo de lesão", diz Montenegro. O virologista explica que o probang só começou ontem porque anteriormente a sala de exames estava ocupada com amostras de Mato Grosso do Sul contaminadas por aftosa.

Somente nesta terça, com cinco dias de atraso em relação à data do diagnóstico, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) do Paraná recebeu os resultados oficiais dos exames já realizados no Lanagro e pelos quais os técnicos não tiveram condições de concluir se os animais sob análise estão (ou não) contaminados pela aftosa. Foram realizados dois tipos de análise a partir do soro sangüíneo – o Elisa 3ABC e o EITB.

Segundo o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, os resultados deram "falso positivo", o que impediu os técnicos de concluir se a manifestação foi uma reação à vacina que os bovinos receberam em maio passado, na última etapa de vacinação, ou decorrente da efetiva manifestação da aftosa.

Pessuti criticou a demora para a chegada ao Paraná desses resultados, ainda que não conclusivos. "Da próxima vez esperamos mais presteza e rapidez", criticou. O delegado federal do Ministério da Agricultura no estado, Valmir Kowalewski de Souza, disse que a demora ocorreu devido ao Dia do Funcionário Público, comemorado na última sexta-feira, 28, em que não houve expediente nas repartições federais, que se somou ao final de semana.

O Ministério da Agricultura publicou nesta terça uma instrução normativa que coloca 41 municípios – 36 do Paraná e 5 de Mato Grosso do Sul – dentro da chamada "área de risco de contaminação de febre aftosa". Eles não poderão permitir a saída de animais suscetíveis à doença (bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos) nem a venda de seus produtos e subprodutos. Por outro lado, segundo o ministério, para todos os demais municípios dos dois estados não há restrições para o trânsito de animais nem da carne. A única exceção é Santa Catarina – que, por ser área livre de aftosa sem vacinação, manterá normas mais rígidas para a circulação de animais.

Em Mato Grosso do Sul foram incluídos na lista os municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo – os três com focos de aftosa confirmados –, além de Iguatemi e Itaquiraí, que ficam na mesma região. Já no Paraná, foram considerados área de risco os quatro municípios sob suspeita (Amaporã, Loanda, Grandes Rios e Maringá) e outras 32 cidades próximas.

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