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João Aparecido Monteiro, 24 anos de carpintaria: “escola para os filhos” | Henri Milléo/Gazeta do Povo
João Aparecido Monteiro, 24 anos de carpintaria: “escola para os filhos”| Foto: Henri Milléo/Gazeta do Povo

Profissionais esperam alta no salário

João Aparecido Monteiro tem 42 anos e 24 de carpintaria. Aprendeu tudo o que sabe da profissão nas obras em que trabalhou. Hoje ele é um dos carpinteiros que atuam na construção do Instituto Federal de Telêmaco Borba, a escola que vai formar os seus futuros colegas de profissão. Para ele, que estudou até a 6ª série, essa será uma oportunidade para os jovens da região. "O curso é muito necessário e vai beneficiar muitas pessoas. O bom é que quem vai poder estudar serão os nossos filhos", afirma.

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A exigência de qualificação para o mercado de trabalho já chegou a profissões que tradicionalmente tiveram seus trabalhadores formados exclusivamente na prática. É o caso da carpintaria. O Instituto Federal do Paraná em Telêmaco Borba (IFPR/Campus TB) abrirá no ano que vem o primeiro curso público para a formação de carpinteiros no Paraná, e um dos poucos do país.O instituto ainda está em fase de construção e a primeira turma deve começar os estudos em maio do ano que vem. Com duração de dois anos, o curso oferecerá inicialmente 40 vagas. "A carpintaria está hoje em uma linha muito mais complexa do que já foi. A ideia é que esses profissionais possam ser autônomos, gerando empregos e montando suas empresas. O profissional poderá acompanhar todo o processo da construção civil", aponta Zita Castro Machado, pró-reitora de Ensino, Pesquisa e Pós-Gra­duação do IFPR. Com o boom da construção civil no país, a profissão vive um momento de demanda alta, mas a oferta de profissionais qualificados é baixa. "Cursos como este são fundamentais. Encontrar gente qualificada está cada vez mais complicado, pois quem é bom já está empregado", avalia o engenheiro e construtor Fábio Mi­­que­lão. Ele ressalta que o curso pode tornar o trabalho mais "científico" e também melhorar a comunicação entre o gerente da obra e os outros trabalhadores. "A pessoa que tem somente a base prática fica devendo no conhecimento de alguns termos. Um curso formal vai ensinar coisas que eles não conseguem aprender na prática".

Região

Muito dependente da indústria de papel e celulose, Telêmaco Borba aposta que a escola pode ser um diferencial para modificar o foco da economia do município. "Temos uma mão-de-obra extremamente barata, tanto na remuneração quanto na qualificação. Por isso precisamos de um diferencial", avalia Sérgio Ubiratã de Freitas, secretário de governo da cidade. "O governo (federal) entendeu que a região precisa de iniciativas como essa, que transformem a realidade local", considera.

O curso também vai fornecer Certificados de Competência para carpinteiros profissionais. O trabalhador que aprendeu a profissão na prática poderá fazer uma prova para confirmar seus conhecimentos. Caso aprovado, ele receberá um diploma.

A profissão

O profissional da carpintaria é o responsável pela sustentação da obra. É ele quem vai montar a estrutura provisória que determina a estrutura definitiva do edifício. Quanto mais conhecimento do ofício, mais o carpinteiro reduzirá o desperdício de madeira e cimento, reduzindo também o valor da obra. "O carpinteiro representa 90% da força de trabalho no início da obra. Nas fases seguintes isso diminui e de cada dez pedreiros, um tem que ser também carpinteiro", explica o mestre-de-obras Manoel dos Santos.

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