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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic, que serve de referência para a economia), baixando a taxa de 19% para 18,5% ao ano. Essa foi a terceira redução seguida e a decisão dos membros do Copom foi unânime. Agora, a taxa está no seu menor patamar desde fevereiro deste ano (18,75%), mas várias instituições e economistas consideram que o BC deveria ter acelerado o ritmo de corte do juro básico, Muitos estão revendo para baixo a previsão de crescimento da economia em 2005.

No mês passado, o Copom já havia cortado a Selic em 0,5 ponto percentual, de 19,5% para 19%. Na nota justificando a decisão desta quarta-feira, o BC informou que "Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 18,50% ao ano, sem viés".

O corte de meio ponto era previsto pela média dos analistas de mercado financeiro, segundo a pesquisa Focus do BC, mas pode ser considerado conservador e frustrou as expectativas do setor produtivo. Alguns especialistas apostavam em queda de 0,75 ponto percentual e o banco Safra chegou a estimar corte de até 1 ponto.

As análises sobre o nível de crescimento da economia no ano estão indo para números abaixo de 3%, por causa da redução do PIB trimestral.

Antonio Licha, coordenador do Grupo de Conjuntura da UFRJ, alerta que as taxas de juros ainda estão elevadas e o país continua com o maior juro real do mundo, na casa de 13,1% anuais.

- A Selic alta fará com que o Brasil perca a onda de expansão da economia global. Enquanto as nações emergentes crescerão 5,5%, em média, teremos um avanço de menos de 3% - prevê Licha.

A previsão do banco CSFB é de avanço de apenas 2,5% em 2005 (com queda de 0,5% no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre e alta de apenas 1,6% em relação ao mesmo trimestre de 2004). A Tendências Consultoria faz uma aposta semelhante: 0,4% de queda em relação ao trimestre anterior e 2,8% de crescimento ao fim de 2005.

Pode ter pesado em favor do conservadorismo do BC o repique da inflação em outubro. O IPCA, índice do IBGE que serve de referência para o sistema de metas do governo, passou de uma alta de 0,35% em setembro para 0,75% no mês passado, levando a inflação acumulada nos dez primeiros meses do ano para 4,73%. O centro da meta perseguido pelo Banco Central é de 5,1%.

Os Índices Gerais de Preços (IGPs) da FGV também registraram inflação em outubro depois de cinco meses de deflação. O IGP-M ficou em 0,60% e o IGP-DI, em 0,63%.

Por outro lado, as prévias dos índices de novembro já apontaram um novo arrefecimento dos preços, e as quedas da produção industrial e do nível de emprego respaldaram apostas por um corte mais ousado.

Tanto é assim que, no fim do pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) desta quarta-feira, houve um aumento nas apostas de queda de 0,75 ponto percentual no juro básico. Mas quem fez esta aposta acabou perdendo dinheiro.

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