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Laila aplica em previdência privada, ações e títulos de capitalização, com o objetivo de abrir o próprio negócio no futuro | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Laila aplica em previdência privada, ações e títulos de capitalização, com o objetivo de abrir o próprio negócio no futuro| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Frustração

Critérios de promoção não são considerados justos

Para mais de 40% dos curitibanos, os critérios de promoção da empresa em que trabalham não são justos. O número é preocupante e revela que, especialmente nas pequenas e médias empresas brasileiras, há muito o que melhorar, na opinião da especialista em coaching Susana Azevedo.

"A cultura de gestão nas pequenas empresas segue o modelo tradicionalista, em que promoções são dadas por motivos pessoais e não profissionais. É preciso avançar para que se compense a meritocracia. Um funcionário só será protagonista na empresa, será proativo, se ele perceber que vale a pena. A empresa que não valoriza o funcionário faz com que ele fique quieto, sem se esforçar", ressalta Susana.

A proporção de pessoas que avaliam a companhia em que atuam como injusta é semelhante em órgãos públicos e empresas privadas. "Esse número é alarmante; é preciso que os funcionários não fiquem na dependência das vontades do dono da empresa e se baseiem em critérios claros. Só assim uma empresa avança", salienta Cristian Kim, diretor da regional Sul da Business Partners.

Outro dado que reflete o sentimento de falta de valorização entre os funcionários é o desempenho revertido em aumento de salário. Para 65% dos curitibanos, o esforço não é recompensado pelas empresas – o índice chega a 87% entre funcionários de órgãos públicos. "Isso reflete, na conjuntura com os outros números, que o dinheiro faz a diferença e que há muito tráfico de influência nas empresas", analisa Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, diretor do Paraná Pesquisas.

A pesquisa exclusiva feita pelo Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo foi realizada com moradores de Curitiba com mais de 16 anos, que trabalham atualmente em empresas ou órgãos públicos com cinco ou mais funcionários. Para o levantamento foram realizadas 496 entrevistas. A margem estimada de erro é de 4,5 pontos porcentuais.

Interatividade

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De cada dez curitibanos, seis estão total ou parcialmente satisfeitos com o atual salário, mas poucos se preocupam em separar algo para o futuro, de acordo com uma pesquisa exclusiva feita pelo Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo. O levantamento mostra que 87% dos trabalhadores da capital não têm plano de previdência privada. A satisfação maior com o próprio rendimento está no funcionalismo público, onde é maior também o investimento na previdência privada – funcionários de empresas privadas estão mais insatisfeitos e se preocupam menos com o futuro (veja quadro nesta página).

A gerente de marketing Laila Sol e Silva é exceção. Ela diz ganhar o suficiente para pagar suas contas e para realizar o sonho do negócio próprio; aplica em títulos de capi­­ta­­lização e em ações, sem descuidar da previdência privada, onde in­­veste há cinco anos – quase 46% dos entrevistados que aplicam nesta modalidade começaram a poupar de um a cinco anos atrás. "Tenho um projeto maior, quem sabe abrir um estabelecimen­­to que ofereça serviços de be­­leza e estética. Por isso estou me preparando financeiramente", conta.

Aposentadoria achatada

O consultor em previdência social pública e privada Renato Follador lamenta que as pessoas não te­­nham a mesma atitude de Laila. Um dos problemas com a dependência do INSS é o achatamento da previdência pública. Para isso, ele cita como exemplo a queda drástica do teto do benefício, que em 1970 correspondia a 20 salários mínimos e desde janeiro, com o aumento do mínimo, é de 6,3 salários. "Quanto mais cedo se toma a decisão de contribuir para a previdência privada, menos dinheiro é necessário aplicar mensalmente", ensina Follador.

Estar satisfeito com o próprio sa­­lário também é uma realidade para a engenheira civil Aurelena da Silva Brito. Funcionária de um órgão público, ela mora com os pais e não tem filhos, aplica na previdência privada e guarda dinheiro para comprar a casa própria. "Não tenho grandes despesas mensais e, mesmo que morasse sozinha, meu salário seria bom", afirma ela, que voltou a trabalhar na empresa pública após um tempo na iniciativa privada.

Cristian Kim, diretor da regional Sul da Business Partners, consultoria especializada em recrutamento executivo, salienta que a tendência é haver mais descontentamento quanto menor o cargo de­­sempenhado na empresa. "Um diretor com um cargo mais alto, por exemplo, não se preocupa tanto com a mudança na hora de aceitar um desafio, mas sim com o pro­­jeto em que vai participar. Porém, se o salário é menor, isso se torna mais representativo", analisa.

Longo prazo

Quando o assunto é ficar na em­­presa pelos próximos dez anos, porém, a opinião é distinta. Quase 60% dos curitibanos não se vê trabalhando na mesma empresa no período – como Laila, que pretende estar em seu próprio negócio. O que chama atenção na pesquisa é que entre funcionários públicos o número também é alto: 52% deles não querem continuar na mesma empresa.

Aurelena – que já havia trabalhado no setor público, saiu e agora foi chamada novamente para trabalhar – não pretende mais mudar. "Aqui eu tenho estabilidade e faço o que eu gosto", pondera a engenheira. O comportamento dos funcionários públicos é decorrente do mercado de concursos mui­­to forte atualmente, na opinião de Kim. "Hoje as pessoas assumem um cargo público já se preparando para o próximo concurso", avalia.

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