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Uma das melhores analogias que se pode fazer das situações empresariais é com um barco que levanta âncora e parte para o mar; e não importa muito o tipo ou tamanho do mesmo. Um barco à vela que pretende atravessar o oceano precisa de um planejamento cuidadoso.

Conheci um casal de franceses ancorados em Paranaguá que começou sua volta ao mundo, alguns anos antes de chegar ao mar, com a construção do veleiro no interior da França. Estudavam os mais diversos temas enquanto construíam, dos conhecimentos básicos de saúde, nutrição, enfermagem e medicina até noções de psicologia para compreender melhor a relação de um casal a sós numa embarcação. Operaram o apêndice. Foi com eles que aprendi algo psico/antropológico sobre três pessoas em espaço restrito e longo tempo juntas. Um pouco antes de partirem rumo à África, juntou-se a eles um amigo. E contaram a longa, sofrida e ácida experiência de três pessoas num pequeno veleiro. O valor simbólico que os objetos adquirem, os deveres e obrigações de cada um, o respeito pelo outro, o ciúme, a disputa, o poder, o tempo.

Uma empresa quando abre as portas é como um barco que se lança ao mar. Precisa de um planejamento cuidadoso que prevê onde, como e quando quer chegar. Deve considerar as "ameaças" ou condições externas como as condições do tempo e sua influência no mar, os ventos, as marés, o imponderável... Aproveitar as oportunidades quando os ventos estão a favor.

Precisa também definir os recursos necessários ao empreendimento em termos de equipe e competências, instrumentos tecnológicos, alimentação, motivação, energia, saúde, respeito às regras e ao outro. Reposições de tudo, da comida, água, remédios até equipamentos e peças. Ter normas e procedimentos claros para cada um, acompanhar e controlar tudo a cada dia, revendo as rotas em relação ao tempo. A avaliação cotidiana do cumprimento da meta para não se deparar com atrasos que prejudiquem o prazo de chegada estabelecido.

Estar certa sobre a quantidade de pessoas necessárias para conduzir a embarcação ao destino, além da qualificação desejada; considerar hipóteses e imprevistos normais em qualquer percurso. Diante das adversidades o capitão deve estar atento ao desgaste dos marinheiros para saber dosar as exigências. No mar, deve ter a sutileza de identificar os pontos fracos e fortes de seu projeto como um todo para as adaptações necessárias e a potencialização do que é possível.

Quando se lança ao mar, um capitão deve saber com segurança o destino e ter uma visão clara de todas as variáveis que pode enfrentar no período previsto. Algumas competências são imprescindíveis: liderança, segurança, confiabilidade, espírito de equipe, equilíbrio, respeito, saber administrar conflitos, capacidade de improvisação, criatividade, boa comunicação, espírito democrático. Saber usar os ventos de popa não é para qualquer um, assim como ser capitão!

Maria Christina de Andrade Vieira, empresária, palestrante e escritora, autora de Herança e Cotidiano e Ética: novas crônicas da vida empresarial (2001-2005) (Ambos Ed. Senac-SP).chris@onda.com.br www.andradevieira.com.br

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