Ao chegar à empresa, seu chefe o aguarda e dá a triste notícia: você está demitido. Ou pior: ao abrir seu e-mail, depara com a seguinte mensagem: "a partir desta data, a empresa não contará mais com seus serviços". E agora? O que fazer diante de uma demissão inesperada?
A primeira coisa é se recuperar do susto. Nessas horas, o melhor a fazer é conversar com parentes ou amigos e manter a calma.
- Uma pessoa desestruturada emocionalmente, normalmente perde a razão - afirma Sílvio Celestino, vice-presidente da Seção São Paulo da Federação Internacional de Coaches e autor do livro 'Conversa de Elevador - uma fórmula de sucesso para sua carreira'.
Não tome nenhuma atitude precipitada que possa lhe trazer prejuízos futuros, como falar mal da empresa que o demitiu ou do chefe. Afinal, você nunca sabe se um dia haverá uma nova oportunidade na mesma empresa ou mesmo se você não encontrará seu chefe em outro lugar.
- Lembre-se que, com as fusões de empresas hoje em dia, isto pode vir a acontecer. Portanto, seja moderado ao falar sobre sua demissão - aconselha Sílvio.
Segundo o especialista, é normal que o empregado demitido cobre explicações.
- A maioria não percebe, mas a demissão normalmente ocorre porque o profissional está estagnado em alguma área, como, por exemplo, deixou de aprender um segundo ou terceiro idioma, não deu atenção a sua rede de relacionamento profissional; deixou sua imagem ou comportamento em segundo plano; não expressou de forma consistente e constante sua competência ou ignorou a política dentro da empresa - explica o consultor.
Silvio diz que a primeira medida é avaliar o que gerou a demissão. O trabalhador deve conversar com seu empregador sobre o motivo pelo qual foi demitido. - Lembre-se que a demissão para quem está demitindo tem sempre uma razão de ser, diz o especialista.
Embora a demissão possa parecer inesperada, é provável que alguns sinais já tenham sido dado e o trabalhador não tenha percebido. Estes sinais podem ser de dois tipos: primeiro os fatores inerentes à empresa e sobre os quais você não tem controle como, por exemplo, o mercado em que ela se encontra está em declínio e portanto é provável que seu emprego já estivesse ameaçado em função da necessidade de reduzir custos. Também a empresa pode estar em declínio em função da forte concorrência.
Em segundo lugar, estão os fatores comportamentais, que, segundo o especialista, são os mais comuns. Em geral, explica, os trabalhadores são admitidos por nossas competências técnicas e demitidos pelo comportamento.
- O seu comportamento pode ter produzido um clima organizacional ruim e isto pode ser em decorrência da forma como você tratou seu líder, seus pares, subordinados ou até mesmo clientes.
Sílvio esclarece que, quando ingressamos em uma empresa, estabelecemos uma série de compromissos com diversas entidades: acionistas, líderes da empresa, pares, subordinados, clientes, fornecedores, governo, comunidade, meio-ambiente e mídia, entre outros.
- Se falharmos no atendimento a uma delas, estaremos fazendo menos do que nos cabe. Se você vê somente o seu compromisso como sendo técnico ou com seu líder, você precisa ampliar sua visão ou cometerá o mesmo erro no próximo emprego.
Evidentemente, o trabalhador também pode ter sido demitido por falta de competência técnica ou por não ter atingido resultados esperados.
- Mas, lembre-se: às vezes não é informada a razão exata de sua demissão, os esclarecimentos não são claros e você terá de viver com isto, portanto, saiba se auto-avaliar também.
Buscando energiaTrabalhar o emocional é uma das etapas fundamentais pós-demissão. O baque de ser demitido pode levar a pessoa a uma tristeza profunda e até à depressão. Assim, esta não terá a energia necessária para sacudir a poeira e ir em busca de um novo emprego.
- É difícil encarar o problema, mas é preciso se recuperar, se reenergizar e fazer o que tem que ser feito: preparar um bom currículo, ir a entrevistas, ficar de olhos nos jornais, preparar uma lista de possíveis pessoas a contatar para comunicar que está disponível para novas oportunidades e participar de eventos para fazer ou ampliar sua rede de relacionamento.
Para Silvio Celestino, ficar deprimido, remoendo a perda do emprego, só ajuda o indivíduo a se tornar não-funcional, paralisando suas ações.
- As ações é que vão criar condições de buscar uma nova oportunidade no mercado de trabalho.
Evite descansar por muito tempo, a menos que esteja há tempos sem tirar férias. Quanto mais você esperar para agir, mais desânimo vai ter.
Também é hora de avaliar se estava satisfeito com o antigo emprego e se pretende seguir adiante naquele trabalho daqui para frente. O desempregado deve focar nas ações que devem ser tomadas para o futuro e se perguntar: "o que eu quero agora?"
- Quando os eventos ruins acontecem, é uma boa oportunidade de constatar o que se deseja, em que locais gostaria de trabalhar, quais ambientes, pessoas e atividades lhe são inspiradoras.
Outro aspecto relevante é o financeiro. A maioria das pessoas quando está empregada não se preocupa em fazer um planejamento financeiro para o caso de sair do emprego.
- Se, além de não ter uma rede de relacionamentos montada, o indivíduo não tiver uma reserva financeira, a coisa se complica ainda mais. Não estando preparado financeira e estruturalmente para reverter a situação, ele fica numa situação ainda mais desfavorável para conseguir um novo emprego.
Segundo Sílvio Celestino, perder o emprego não é a melhor forma de aprender, mas é um bom treino para alcançar posições melhores e cargos mais importantes.
- Se você consegue lidar com a frustração de perder o emprego, tem competência de galgar postos maiores. Se foi demitido inesperadamente, mas foi capaz de dar a volta por cima, também saberá lidar com outros tipos de frustrações que aparecerão de momento em momento em sua vida.



