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Zé Mário é um executivo como outro qualquer. Tem 36 anos, bom currículo, perfil dinâmico e vontade de progredir na empresa, além de bom conhecimento técnico e consciência de seus pontos fortes e dos fracos. O profissional está constantemente se auto-avaliando, a fim de eliminar características que possam impedir sua ascensão na carreira. Por essa razão, precisou desenvolver a persuasão em seu discurso, diferencial que julgava importante para competir com seus concorrentes.

O executivo, então, aprimorou o que chama de "discurso híbrido", ou que se modifica de acordo com a ocasião, intenção ou público. Ele adotou essa postura após observar um colega que reconhecia como genial, mas que possuía uma fala difícil e idéias irredutíveis. Aquele colega jamais foi ouvido pelo alto escalão da empresa e nunca foi lembrado para uma promoção, embora tivesse potencial. Assim, Zé Mário percebeu que não bastava "ser" um profissional competente; era necessário "parecer" e, mais do que isso, era primordial transitar por todos os setores da organização e se fazer ouvir por eles.

Para isso, o executivo adotou um discurso diferente para cada grupo de relacionamento: subordinados, colegas, chefes, clientes e fornecedores. Zé Mário passou a se adaptar aos pensamentos de cada pessoa com quem conversava. Evitava polêmicas e jamais exprimia uma opinião contrária à do grupo em questão. Ele se moldava aos ambientes e era aceito por todos eles. Em pouco tempo, sua tática rendeu-lhe bons frutos.

Zé Mário tornou-se o profissional mais popular da empresa. Era convidado a participar dos eventos sociais de cada departamento, como amigo-secreto, partidas de futebol, aniversários, etc. Sua imagem popular atingiu o alto escalão da empresa, que passou a vê-lo como um forte candidato para uma vaga na gerência. Na seqüência, ele passou a fazer parte de reuniões formais para decidir novas estratégias para a organização. Todos, agora, queriam ouvir sua opinião.

O problema é que enquanto Zé Mário aprimorava seu discurso híbrido, ou sua capacidade de dizer o que as pessoas queriam ouvir, ele deixou de buscar o autoconhecimento, afastou-se dos estudos, da pesquisa e de si mesmo. Já não sabia mais o que pensava, quais eram suas opiniões a respeito dos assuntos pertinentes à empresa. Sua postura "em cima do muro" o levara ao foco dos holofotes e, agora, lhe era cobrada uma posição definitiva, incisiva.

Zé Mário, sem alternativa, deixou de repetir o discurso alheio e começou a divulgar as próprias opiniões. Mas, para surpresa de todos, suas idéias eram óbvias, pouco criativas e sem aplicação prática. Aos poucos, o executivo foi perdendo a popularidade, pois à medida que se mostrava, deixava transparecer seu discurso vazio e sua falta de conteúdo.

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Muitos profissionais optam por esconder suas opiniões para não desagradar à equipe ou à organização para a qual trabalham. Eles acabam se adaptando às normas de tal forma, que deixam de pensar por si e adotam o discurso da empresa como seu. Porém, a essência e os valores pessoais não devem ser postos de lado, mesmo no ambiente de trabalho, pois a longo prazo essa atitude pode interferir no desempenho profissional ou na própria consciência da pessoa. Um discurso vazio pode surtir efeito de imediato; no entanto, com o passar do tempo, ele é facilmente desmascarado. Por essa razão, jamais deixe de expor suas opiniões e pensamentos para ser aceito. Tente, em vez disso, desenvolver a habilidade de negociação e de convencimento.

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SAIBA MAIS...Sol do Amanhã A Propex do Brasil, fabricante de tela de base para tapetes e carpetes, mantém desde 1998, com outras quatro empresas da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o Centro Educacional Sol do Amanhã. Essa instituição se dedica a cerca de 130 crianças entre 0 e 7 anos da comunidade da Vila Verde, na CIC. Com 18 funcionários, o centro oferece serviços de educação, alimentação e recreação em período integral, que favorecem famílias com renda de até três salários mínimos - mães que trabalham têm preferência.

A iniciativa partiu do programa Vale-Creche, desenvolvido pela prefeitura de Curitiba, que firmou parcerias entre empresas e entidades filantrópicas. No caso da Propex, a parceria foi feita com o Instituto Betânia de Ação Social, que além dessa creche mantém outras três na periferia da cidade. Em oito anos de trabalho, o Centro Educacional Sol do Amanhã já atendeu cerca de 3 mil crianças, envolvendo um investimento de mais de 600 mil reais.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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