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 | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

O consultor e especialista em desenvolvimento organizacional Ernesto Artur Berg vem dedicando tempo para estudar a criatividade e como ela pode ser incentivada dentro das corporações. Seu último livro, "Manual de Criatividade Aplicada", traz suas ideias sobre o tema, que ele resumiu em uma entrevista na última semana. Como incentivar o profissional a ser mais criativo?

Comece colocando em prática alguns instrumentos como, por exemplo, um banco de ideias. Ofereça cursos e palestras de criatividade. Crie mecanismos de participação e estimule a capacidade de explicação da ideia e a busca de soluções baseadas em processos criativos. A pessoa vai se obrigar a pensar diferente. Ouça os profissionais e peça sugestões. Existem perfis mais criativos ou trata-se de uma questão de treino?

Nós nascemos criativos e isso fica muito evidente na infância. Mas ao longo do tempo nós vamos matando essa criatividade na medida em que aderimos ao mecanismo de certo e errado: isso não pode; isso não tem lógica; você precisa ser prático. Isso vale para sistemas produtivos, qualidade total e processos, mas não para criatividade. A maioria das grandes ideias custou muito tempo e dinheiro. É possível mensurar os resultados práticos da criatividade para o negócio?

Não é possível fazer isso imediatamente, mas no longo prazo, sim. A rotina costuma levar a um beco sem saída, pois uma hora ou outra você vai ter de inovar. Às vezes não por opção, mas por necessidade. Quais são as principais características de uma pessoa criativa?

Percepção é a primeira. A capacidade de enxergar aquilo que todo mundo vê de outro jeito, observar a capacidade de mercado, um novo nicho, um problema que ninguém conseguiu resolver e dar uma solução diferente. Outra é a flexibilidade de juntar aspectos opostos e criar algo novo. E, por fim, a curiosidade. Pessoas criativas são muito curiosas. Estão sempre em busca de alimento para os neurônios. O que pode bloquear a criatividade?

O principal bloqueio é um ambiente de trabalho que não oferece condições para o desenvolvimento da criatividade. Aquela ideia de ter de acertar logo, ser prático, rápido e objetivo também inibe a criatividade. Isso condiciona a pessoa a ter de dar respostas rápidas e, na maioria das vezes, a solução para os problemas ou ideias criativas é um processo mais longo. Outro bloqueio é pegar modelos que já deram certo e replicar. Isso apenas adia o problema. Como transformar uma ideia criativa em inovação?

É preciso saber como colocar em prática. Neste caso, a ideia apenas não basta. Primeiro é importante procurar pessoas que me deem apoio e suporte técnico e intelectual. Tenho que estar preparado para provar que é possível operacionalizar essa ideia e que o investimento é viável para o negócio. Só vai ser inovação quando se tem um processo lógico que traz retorno para o negócio. Essa é a parte difícil da criatividade, que é colocar em prática. Uma dica para desenvolver a criatividade?

Crie em um banco de ideias. Abra um arquivo e jogue tudo lá. Charges, artigos, livros, vídeos, propostas, palestras, ideias. Funciona como uma base de ideias criativas. Mais tarde, as respostas que você procura podem estar lá. Isso estimula a pessoa e economiza um tempo imenso. Uma ou duas ideias novas por dia ajudam a estimular o cérebro. Outro ponto importante é fazer as coisas mesmo que não tenha motivação imediata para aquilo.

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