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A decisão da União Européia de proibir a importação de carne bovina de vários estados do Brasil por causa da febre aftosa pode reduzir até 60% a quantidade vendida para os países comunitários, garantem fontes do setor. O Comitê Permanente da Cadeia Alimentar da União Européia vetou a entrada de carne desossada e maturada dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo proveninete de animais abatidos a partir de 30 de setembro. Mas poderão continuar exportando os seguintes estados: Minas Gerais (com exceção de alguns municípios), Espírito Santo, Santa Catarina, além de uma parte de Goiás e do Mato Grosso.

Com o embargo da UE, já chega a 32 o número de países que suspenderam a importação de carne proveniente do estado brasileiro de Mato Grosso do Sul. Além dos 25 países da União Européia, Rússia, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Israel e África do Sul (os três últimos embargaram o produto proveniente de qualquer parte do território brasileiro) também decidiram embargar as compras.

Segundo a Globo News, uma missão de técnicos do Ministério da Agricultura desembarcou nesta quarta-feira em Bruxelas, onde se reunirá com o Comitê de Supervisão Veterinária e Fitossanitária da UE. Os técnicos apresentarão as medidas que estão sendo adotadas para sanar o problema.

A UE já disse que só suspenderá o embargo quando o Brasil apresentar garantias sobre o êxito dessas medidas de controle da doença.

O Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, disse nesta quarta-feira, antes de embarcar para Eldorado, que dentro dos próximos dias serão liberados cerca de R$ 3,5 milhões e outro recursos adicionais para o combate à febre aftosa em Mato Grosso do Sul. Os recursos adicionais serão tratados durante a reunião que acontece ainda nesta tarde na fazenda Vezzozo, em Eldorado, com autoridades sanitárias estaduais, prefeitura municipal e representantes do governo paraguaio.

Rodrigues confirmou ainda que, neste momento, o Brasil deve realizar ações coordenadas nos estados e dividir a responsabilidade pelo surgimento do foco de aftosa com o governo federal. Ele responsabilizou o governo de não ter remetido recursos suficientes para os estados responsáveis por realizar as ações em cada região.

- Haverá uma clara redução nas exportações de carne do Brasil em um curto prazo de tempo. Como podemos ver pelas barreiras de todos os países que compram nossos produtos - afirmou.

O ministro afirmou que o surgimento do foco é uma fatalidade.

- É óbvio que países que são considerados livres de doenças possam surgir focos. Temos como exemplo a Inglaterra que também teve febre aftosa e os Estados Unidos que tiveram a vaca louca. Mas estamos tomando todas as medidas necessárias - explicou.

Ele defendeu ainda que somente uma análise técnica é que vai definir onde surgiu o foco de aftosa em MS.

- Quero agora ter uma certeza técnica. Se não tiver uma certeza técnica eu não acredito- disse, acrescentando ter esperanças de que o Brasil vai superar esse episódio.

Na terça-feira, o Ministério da Agricultura da Rússia informou que a suspensão será aplicada aos animais vivos, a todos os tipos de carne, leite e laticínios, alimentos para animais e equipamentos usados para o abate de pássaros e animais daquele estado brasileiro.

A Argentina "interrompeu de forma transitória e por precaução a entrada ao país de carnes bovinas provenientes do estado do Mato Grosso do Sul, no Brasil". A medida proíbe a entrada ao país de animais, produtos derivados e outras espécies que possam ser contaminadas pela febre aftosa. O governo argentino esclareceu que a suspensão não prejudica importações provenientes de outros estados brasileiros livres da febre aftosa.

Apesar dos embargos, o presidente do Fórum Nacional dos Órgãos de Sanidade Agropecuária (Fonesa), Altino Rodrigues Neto, informou que o governo considera as medidas sanitárias adotadas até o momento suficientes para evitar que a doença se espalhe a outros rebanhos. Foram sacrificadas quase 600 cabeças de gado da fazenda onde foi detectado o foco. E está impedido o trânsito de animais e produtos que saiam de Eldorado e de outros quatro municípios vizinhos.

Na região, técnicos do estado e do ministério da Agricultura fazem exames laboratoriais para detectar se o vírus que atingiu o rebanho da fazenda Vezozzo é uma variante do tipo "O". Eles também investigam o motivo do surgimento do foco, mesmo depois da vacinação do gado de todo o estado na campanha de maio.

Em reunião no ministério da Agricultura com representantes dos estados que fazem divisa com Mato Grosso do Sul, ficou decidido que uma missão brasileira irá à Organização Internacional de Saúde Animal para mostrar que o problema só atinge o estado. Isto porque a OIE suspendeu a resolução que aponta Mato Grosso do Sul como livre da doença. A medida atingiu outros estados também considerados livres de aftosa: Bahia, Tocantins, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Segundo o presidente do Fonesa, o Brasil quer mostrar que é capaz de controlar o problema e que não foi omisso ao comunicar a existência do foco.

- É muito importante sabermos que em um país livre de doença não é proibido ter doença, é proibido ser omisso na tomada de decisão. Tudo está sendo tratado como a máxima transparência - disse.

A Rússia, principal destino para a carne bovina e suína do Brasil, com compras equivalentes a US$ 900 milhões entre janeiro e agosto deste ano, já havia informado na segunda-feira que poderia restringir as importações de carne suína e bovina do Mato Grosso do Sul e de territórios, incluindo o Paraguai, já que a cidade onde foi detectado o foco de febre aftosa (Eldorado) está localizado a 45 quilômetros de sua fronteira.

De acordo com o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul, Leôncio de Souza Brito, a Rússia teria suspendido também as importações dos estados que ficam na divisa (São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso).

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