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Susana é jornalista e aprendeu com a mãe a jamais contar uma mentira. Por isso, sua vida profissional segue os preceitos da honestidade e transparência extrema, embora isso dificulte sua rotina algumas vezes. Por contar sempre a verdade, Susana optou por uma carreira mais conservadora, porém sólida. Desde os primeiros empregos, a jovem seguiu os valores aprendidos em família e deixou, em razão disso, que outros colegas recebessem méritos e promoções baseados em pequenas mentiras que contavam para seus chefes. Ela, por sua vez, nunca disse algo que não pudesse ser, de fato, comprovado e averiguado.

Essa característica distinta de Susana fez com que ela desenvolvesse outras qualidades: o perfeccionismo e a organização. Pelo princípio de não mentir, a profissional sabia que não poderia errar como os outros, pois se fosse interpelada, diria a verdade sem titubear. Certa vez, presenciou um colega de trabalho mentir sobre a conclusão de uma tarefa, a fim de não ser repreendido pelo supervisor. A mentira surtiu efeito e o rapaz pôde concluir a função atrasada sem sofrer dano algum. Ela, no entanto, sentiu um grande desconforto ao constatar que a omissão da verdade favoreceu seu colega. Em seu lugar, ela teria admitido que a tarefa estava atrasada e, provavelmente, seria fortemente julgada e reprovada.

Assim, decidiu que eliminaria a palavra "erro" de seu dicionário pessoal, para que não precisasse passar por semelhante constrangimento. Todavia, o erro permeia o trabalho humano e teve seu encontro com Susana de forma avassaladora. No departamento onde trabalhava como consultora de comunicação, Susana assumia diversas responsabilidades. Distribuía tarefas para sua equipe, administrava o relacionamento com os fornecedores, corrigia materiais impressos, publicava no site da empresa as notícias institucionais, entre outras funções. Durante os dois anos em que esteve na organização, jamais cometeu algum equívoco, atrasou um prazo de entrega, esqueceu-se de alguma atividade ou de dar retorno aos colegas e superiores.

Mas quando começava a adquirir confiança em sua capacidade profissional, Susana cometeu um erro que lhe custou o emprego. Ao final de um dia exaustivo, a jornalista sentou-se para produzir algumas entrevistas para o site da organização. Estava cansada e um pouco dispersa, mas não deixaria de finalizar o trabalho destinado para aquele dia. Então, mesmo não se sentindo vivaz e concentrada, pôs-se a ligar para as pessoas previstas para as suas entrevistas.

Conversou com sete profissionais da empresa, colegas de outros setores e das filiais. Porém, ela não conhecia pessoalmente a todos e equivocou-se ao descrever o cargo de um dos novos diretores, citado na matéria que produziu posteriormente. Como estava cansada, não percebeu o erro mesmo após a correção do texto. Assim, divulgou no site da empresa tal informação.

No dia seguinte, ao chegar à empresa, Susana foi chamada para prestar esclarecimentos sobre o erro. O diretor que teve o cargo publicado de forma errada ligou para o superior da jornalista e pediu "sua cabeça". Embora o chefe desejasse ter ouvido dela que o erro não havia sido seu, mas de outro agente, como a empresa que atualizava o site ou algum estagiário, ela não mentiu. Assumiu para si a responsabilidade, mesmo sabendo que o grupo seria intransigente.

Susana foi desligada por ter sido considerada irresponsável demais para assumir uma função de extrema importância na organização. Ela, no entanto, não se deixou abater, pois aprendeu com a experiência que o erro é inerente ao ser humano e que é preciso encontrar paz consigo mesma, para não agonizar eternamente. A jornalista continua seguindo a política da verdade, mas relaxou um pouco ao aceitar a existência do erro, do equívoco, do torto. Hoje, ela está empregada em uma empresa de cultura organizacional mais moderna e humana, que aceita os erros, desde que sejam parte do aprendizado.

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Errar é sempre desagradável e assumir esse ato é mais constrangedor ainda. Porém, é preciso admitir que uma função, qualquer que seja ela, se executada por seres humanos, conviverá com o erro. Mesmo na medicina, na engenharia, na aviação ou em qualquer outro campo, o erro está presente. Isso não nos dá a justificativa de executar nossas atividades de maneira relapsa ou irresponsável, mas nos ajuda a equilibrar a consciência se, porventura, nos equivocarmos. Importante ressaltar que os tombos fazem parte da trajetória profissional e que o aprendizado acarretado por eles é o tesouro mais precioso.

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SAIBA MAIS...

Contra o câncer de mama

Financiadora do Instituto da Mama – localizado em Porto Alegre – há dois anos, a Piccadilly vem estimulando o diagnóstico precoce do câncer de mama entre suas colaboradoras, consumidoras e nas comunidades de Igrejinha e Rolante (RS). Por meio do Núcleo Amigos do Peito, criado em 2005, funcionárias e funcionários voluntários da empresa recebem um treinamento para que possam ajudar na disseminação das informações sobre o câncer de mama, dentro e fora de seu ambiente de trabalho. A expectativa é de que, conscientizando-se da importância do auto-exame, do exame médico da mama e das mamografias, mais mulheres identifiquem a doença ainda no estágio inicial, aumentando suas chances de cura.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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