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recorde histórico

Mesmo com o câmbio desfavorável, o surto de febre aftosa e a greve da Receita Federal que já dura mais de um mês, as exportações ultrapassaram, pela primeira vez na história do comércio exterior brasileiro, a casa dos US$ 100 bilhões. De janeiro a novembro, até a segunda semana, as vendas externas somaram US$ 101,280 bilhões e as importações, US$ 63,102 bilhões, resultando num superávit de US$ 38,178 bilhões em 2005. Atingir exportações de US$ 100 bilhões era a meta do Ministério do Desenvolvimento para o fim deste ano, mas diante dos bons resultados da balança, esse valor agora está em US$ 117 bilhões.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirmou que o bom resultado foi surpreendente considerando que, além do câmbio desfavorável - no ano, o dólar já acumula queda de 16,73% frente ao real - e da greve da Receita, vários países impuseram embargo à importação de carne brasileira por causa dos focos de febre aftosa encontrados no país.

- É como se esses problemas não tivessem ocorrido. Os resultados são incríveis - disse Castro.

Somente em novembro, as exportações registram um crescimento de 42,7% em relação ao mesmo mês de 2004. Isso ocorre graças ao aumento das vendas de produtos como soja, minério de ferro, gasolina, óleos combustíveis e ligas de alumínio. As importações também estão crescendo no mês - 16,3% acima de novembro do ano passado. Nesse caso, o crescimento é resultado do aumento das compras de produtos siderúrgicos, automóveis, adubos e fertilizantes e equipamentos mecânicos.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as vendas externas nas duas primeiras semanas de novembro acumulam US$ 4,657 bilhões, enquanto as compras estão em US$ 2,829 bilhões. Com isso, o superávit do mês está em US$ 1,828 bilhão.

A valorização do real em relação ao dólar prejudica as exportações brasileiras, mas, segundo especialistas em comércio exterior, esse efeito negativo será visto num prazo mais longo. Isso porque boa parte dos contratos de exportação foi fechada com antecedência, quando o câmbio não estava tão desfavorável.

Já a greve da Receita torna mais lenta a liberação de mercadorias que entram e saem do país. Isso pode ser um dos fatores que explicam a queda registrada tanto nas exportações quanto nas importações na segunda semana de novembro. Semana passada, as vendas externas registraram uma queda de 23,2% em relação à primeira semana. Já do lado das importações, houve queda de 12,8% na mesma comparação.

A consultoria GRC Visão, por exemplo, divulgou ontem documento destacando que a greve da Receita tem feito com que milhares de mercadorias, entre contêineres e pacotes que deveriam ser exportados ou descarregados, fiquem retidas em pátios de portos e aeroportos pelo Brasil.

Segundo o vice-presidente da AEB, o crescimento das exportações ocorreu porque o mercado interno está desaquecido, o que contribui positivamente para as vendas, principalmente as de produtos manufaturados. Já as importações também subiram graças à valorização do real frente ao dólar e ao aumento das compras que as empresas fazem para o fim do ano. Castro lembrou que a AEB espera que as exportações fechem o ano em torno de US$ 117 bilhões, mesma expectativa do governo. Já as importações devem encerrar 2005 em torno de US$ 73 bilhões.

Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, acusou a França de estar fazendo jogo de cena na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa dos seus problemas de política interna. Segundo ele, as dificuldades francesas com a imigração são conseqüência dos subsídios exagerados dados pelos países ricos a seus agricultores, o que aumentou a pobreza nos países em desenvolvimento e provocou um fluxo de trabalhadores em busca de melhores oportunidades nas nações européias. Furlan esteve em Nova York para abrir o terceiro Brazil Day, uma espécie de vitrine das empresas brasileiras no mercado americano.COLABOROU Helena Celestino, correspondente.

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