• Carregando...

A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou nesta segunda-feira as notas dos papéis da General Motors Corp. (GM), maior montadora do mundo, para um nível menor do que o "junk" (considerado de alto risco), por causa do pedido de falência de sua principal fornecedora, a fabricante da autopeças Delphi Corp., anunciado no sábado.

A classificação dos papéis da GM já tinha sido reduzida em maio e o novo rebaixamento poderá afetar ainda mais o acesso da montadora a recursos no mercado financeiro. A GM registrou prejuízo de US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre e está mergulhada em dívidas, em meio a uma forte queda das vendas de seus modelos de caminhonetes e utilitários esportivos, principalmente por causa da alta recorde no preço dos combustíveis nos Estados Unidos.

Os investidores estão preocupados com o fato de a GM ter de enfrentar interrupções no fornecimento de autopeças.

Além de ser a maior fornecedora da GM, a Delphi já foi controlada pela fabricante de veículos. A separação aconteceu em 1999, mas a GM pode ter que arcar com alguns dos pesados custos da falência da Delphi por causa de acordos firmados com os sindicatos de trabalhadores na época em que a montadora deixou o controle da fabricante de autopeças.

Segundo o Bank Of America, a bancarrota da Delphi aumenta as possibilidades de a GM também pedir falência (nos Estados Unidos, o pedido inicial de falência é conhecido como "Chapter 11" - Capítulo 11 - que corresponde à antiga concordata no Brasil. Ou seja, a empresa pede à Justiça condições especiais para continuar operando).

Para os analistas, a GM enfrenta muitos dos problemas que a Delphi enfrentava antes de pedir falência, principalmente em torno dos altos custos com salários e benefícios.

A GM admite que a reestrutuação da Delphi poderia "criar riscos operacionais e financeiros", mas afirma que o pedido de bancarrota da fabricante de autopeças não necessariamente fará a montadora ser responsável pelos benefícios de saúde e das pensões dos funcionários da Delphi. Segundo a montadora, o grau de exposição vai de zero até US$ 11 bilhões.

A Delphi, com sede em Michigan, vem lutando desde sua cisão da GM contra os altos encargos, e apresentou perdas de US$ 741 milhões nos primeiros seis meses do ano. Antes da falência, chegou a pedir financiamento à GM e a aprovação do sindicato para um corte de salários e benefícios como uma tentativa de reestruturação de suas operações americanas não rentáveis.

O pedido de falência da Delphi permite a realização de cortes profundos de salários, benefícios e empregos sem a aprovação dos trabalhadores, o que pode significar um grande revés para a militância tradicional dos sindicatos do setor. O CEO da Delphi, Steve Miller, afirmou esperar uma redução significativa de empregos nos EUA e nas operações industriais, que incluem a demissão de 4 mil trabalhadores sindicalizados e de outros cuja redução de operações não "trará grandes implicações".

Um porta-voz da GM não quis comentar se a GM seguirá o mesmo caminho.

Em comunicado, a S&P disse que a quebra da Delphi pode afetar os esforços da GM de recuperar suas operações na América do Norte. As ações da GM registraram forte queda em Nova York nesta segunda-feira. Os papéis recuaram 9,93%, negociados a US$ 25,48, enquanto os títulos da Delphi registraram perda de 70,54%, cotados a US$ 0,33.

O Bank of America reduziu a recomendação dos papéis da GM de "neutra" para "venda", além de ter baixado a estimativa de preços para as ações da empresa de US$ 32 para US$ 18. A instituição também aumentou em 30% as estimativas de possibilidade de que a própria GM venha a pedir falência.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]