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As fraudes pela internet cresceram 1.313% em todo o país no segundo trimestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2004, de acordo com levantamento do governo federal. Os dados do Grupo de Resposta a Incidentes para a Internet Brasileira (Cert.br) - criado por decreto da Casa Civil em 1995 - demonstram também que, em relação ao primeiro trimestre de 2005, as fraudes cresceram 259%. Números apurados pelo órgão mostram que o crescimento desse tipo de crime tem sido constante a cada trimestre desde 2003.

Em abril, maio e junho deste ano foram notificados 7.942 casos contra 562 no segundo trimestre de 2004. Já nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano foram 2.213 registros.

Esses números mostram que as fraudes pela internet já representam 45% de todos os incidentes de segurança que acontecem on-line no Brasil e são registrados pelo Cert.br. As fraudes mais comuns são as bancárias (quando um hacker captura a senha do internauta); o furto de números de cartões de crédito e violação de direitos autorais, que é a disponibilização indevida de filmes, músicas, programas de computador e etc para download ou venda em sites.

- A quase totalidade dos casos de fraude são relacionadas com a captura da senha do usuário de internet banking. Nesse último trimestre de 2005, o tipo mais comum de ataque envolvendo fraudes financeiras foi o envio, por parte dos atacantes, de e-mails contendo links para sites hospedando 'cavalos de tróia' (um tipo de vírus) - explicou Klaus Steding-Jessen, analista de segurança do Cert.br.

Por meio do 'cavalo de tróia' um programa se instala no computador e, quando o usuário for entrar, por exemplo, no site de seu banco esse software redireciona para um clone do site verdadeiro. O usuário acaba digitando seus dados e possibilitando que os hackers concretizem a fraude.

Jessen explicou que estes e-mails, geralmente, parecem ser de uma instituição idônea - como o Tribunal Superior Eleitoral, Receita Federal ou outros órgãos oficiais -, ou então, são e-mails que simulam ser um extrato de conta telefônica, pendências de CPF, cartões virtuais, sites de humor e instituições de caridade, entre outros.

Algumas mensagens pedem para o internauta entrar num determinado link, preencher algum cadastro ou baixar determinado arquivo.

- Quando se deparar com tal mensagem, o ideal é apagar o e-mail. Uma forma de evitar esses ataques é ter um antivírus sempre atualizado - disse o consultor de segurança de internet, Orácio Tomio Kurami.

Ele explicou que muitos dos vírus enviados - para fazer fraudes - por e-mails - na maioria das vezes são spams (e-mails coletivos) - não demoram mais que dois segundos para se instalar na máquina do usuário.

Carlos Alberto Barros Costa, presidente da Open CS, empresa especializada em segurança de informação, alertou para o detalhe de que os e-mails enviados pelos hackers têm características como erros de português e textos fora de formatação, o que não ocorre com a correspondência emitida por empresas verdadeiras.

- Quando há um link ou um site, é bom ler com atenção, pois no meio do endereço aparecem alguns caracteres estranhos. Por exemplo, o site oficial é www.nomedobanco.com.br e o link vem com um ponto a mais como www..nomedobanco.com.br, que pode passar desapercebido e o internauta cair na fraude - disse Costa.

Outra dica dada por Costa é que as grandes empresas têm domínio próprio, nunca se hospedando em sites gratuitos. O especialista alerta que, como o site do banco é muito seguro, os hackers irão optar por atacar os usuários, que nem sempre têm informação sobre os golpes.

- Para evitar isso, algumas instituições financeiras oferecem um programa de segurança para o cliente. O software é instalado na sua máquina em casa ou no serviço e um dispositivo de segurança irá monitorar as visitas do internauta e identificar qualquer tentativa de fraude -

Nem o ator Kadu Moliterno escapou das fraudes realizadas na rede mundial de computadores. Ele teve R$ 8 mil furtados de uma de suas contas bancárias por hackers, em maio deste ano.

- Eu não movimento essa conta e fui avisado pelo gerente, que achou estranho uma série de transferências e agendamento de pagamentos que fizeram como se fosse eu. No dia seguinte, o banco me devolveu o dinheiro, mas fiquei assustado com a fragilidade da internet - disse Kadu.

O ator disse que logo depois disso recebeu algumas senhas de uma outra conta bancária para poder usar o internet banking.

- Mas, eu nem arrisquei de novo. Prefiro fazer tudo por telefone e não levar um susto desses de novo - disse.

O ator não é o único que diz ter medo da internet para fazer transações bancárias. Outras pessoas que foram lesadas por hackers afirmam que nunca mais utilizarão o sistema.

- Eu não vou arriscar passar pelo sufoco de ver minha conta zerada novamente - disse o orientador profissional, Silmar Strübbe, de 32 anos.

No final do ano passado, ele teve R$ 400 retirados da sua conta e depositados em contas no Recife e Florianópolis.

- O banco detectou a fraude e fui ressarcido depois de 15 dias, mas eu estava prestes a viajar e precisei pegar dinheiro emprestado. Foi um transtorno - contou.

Strübbe acessou a internet em sua casa, à noite, um dia antes de encontrar sua conta zerada. Ele disse que apenas consultou o saldo.

- No outro dia, o dinheiro já tinha saído da minha conta.

O economista Waldir Marcos Marani, de 58 anos, também foi pego de surpresa com a conta sem saldo. Ele estava no litoral norte de São Paulo e foi fazer compras numa loja de materiais de construção quando o cartão de débito automático do banco não foi autorizado.

- Paguei com dinheiro e fui a um caixa eletrônico verificar o que estava acontecendo. Não havia saldo nenhum na conta. Tirei um extrato, vi várias transações que não realizei e liguei para o banco. Tinha saído R$ 7 mil da minha conta - disse.

Marani foi ressarcido pela instituição financeira alguns dias depois e na hora foi autorizado a realizar um saque na boca do caixa de R$ 500.

- Eles não explicaram o porquê dessas transferências, mas eu recebi um e-mail pedindo para atualizar os meus dados, alguns dias antes, e preenchi. Tenho certeza que foi isso - afirmou.

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