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Nesta semana, recebi uma carta com o apelo. "Zé, li na sua coluna da quinta passada sobre os tropeços que cometemos quando viajamos para países de língua espanhola. Gostaria que você fizesse o mesmo para o caso de quem vai para algum lugar que fala inglês. É que eu ganhei uma viagem pros Estados Unidos num sorteio. E, como eu não falo inglês muito bem e o mais longe que viajei foi pra Festa da Batata de Contenda, estou com medo de fazer feio. Por favor, me ajude. Ass: Gisleine Loura."

Calma, minha filha. Super Zé, seu amigo, vai salvá-la do perigo. Eu também já me enrolei todo com meu "english" macarrônico na terra do Tio Sam. Aliás, logo na minha chegada. Depois da longa viagem de avião, precisava fazer xixi. No aeroporto mesmo, procurei um banheiro. Achei um. Entrei. E saí voando, expulso por meia dúzia de senhoras indignadas. "Ué, aqui por acaso as mulheres freqüentam o sanitário dos homens?", pensei. Afinal estava escrito na placa: "women", que eu li como "u omen" – logo, banheiro dos homens.

Passado o susto e movido pelos instintos fisiológicos, rapidamente descobri que teria que ter entrado (e entrei) no banheiro dos "men". Já aliviado, fui fazer minha higiene básica. Mas não é que a traquitana de liberar o sabonetinho resolveu enguiçar. Eu puxava manivela. E puxava de novo. E nada. Atrás de mim, uma fila já ia se formando. Um senhor se aproximou e falou: "I will give you some aid". Eu vou lhe dar um pouco de aids? "No, eu don’t quero", disse apavorado. Foi exatamente aí que a manivela soltou na minha mão. Todos me olharam torto. "I wil fix (eu vou consertar)", disse com com o pouco que lembrava das aulas de inglês da escola.

Corri a uma papelaria com a manivela na mão e pedi, gesticulando: "Durex. Eu quero durex". O sujeito que me atendeu me recomendou ir a uma "drugstore". Drug, droga. Store, eu me lembrava, é loja. Loja de drogas? O cara estava querendo me vender psicotrópicos?

Desisti de tentar consertar a manivela. Acabei levando-a como uma lembrança de minha ignorância tupiniquim. A inscrição na manivela que me fez puxá-la com tanta insistência era "push" – que significa "empurre" e não "puxe" (pegadinha essa, hein?). O senhor que me ofereceu "aid" não era um lunático querendo me contaminar. "Aid" é ajuda. Na papelaria, quando eu pedi durex, na verdade estava pedindo uma marca de camisinha. E, por fim, "drugstore" é simplesmente farmácia. Portanto, minha loura, viaje relaxada. Gafe não mata. Sou a prova viva.

*****

O Zé Bagagem é um sujeito que adora viajar. Sempre está com a mochila nas costas e já entrou em muita roubada em suas viagens. Todas as quintas, ele estará neste espaço contando suas experiências – meio fantasiosas, diga-se – para dar dicas verdadeiras de como evitar que você pague "mico" em suas férias.

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