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João Namir Moro, diretor administrativo-financeiro do Grupo OpusMúltipla, conta que a empresa adotou a governança corporativa para reduzir os passivos trabalhistas | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
João Namir Moro, diretor administrativo-financeiro do Grupo OpusMúltipla, conta que a empresa adotou a governança corporativa para reduzir os passivos trabalhistas| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Como funciona

Veja algumas das medidas que podem ser adotadas pelas empresas na área de governança trabalhista:

Capacitação

Garantir que gerentes e funcionários do departamento de recursos humanos tenham capacitação para implementar as decisões traçadas pelo departamento jurídico.

Sindicatos

Melhorar a relação com os sindicatos, fazendo deles parceiros, e não inimigos. A abertura do diálogo com as entidades representantes dos trabalhadores facilita a elaboração de acordos coletivos, regularizando particularidades e situações especiais da empresa.

Métricas

É preciso criar indicadores para avaliar a evolução das políticas de governança trabalhista. O jurídico deve auxiliar a área de recursos humanos na escolha e no gerenciamento das métricas, de acordo com os objetivos da empresa.

Auditoria

A auditoria feita por um escritório externo ou pelo próprio departamento jurídico ajuda a levantar o passivo trabalhista da empresa e serve de referência para procedimentos a serem adotados, minimizando os custos judiciais e melhorando o ambiente de trabalho.

Conhecimento

Diretores e gerentes devem ser munidos de informações jurídicas relevantes (valores, riscos, passivo, recorrência de pedidos judiciais, etc), auxiliando-os na tomada de decisões.

Análise

A análise de reclamatórias trabalhistas serve como base para se descobrir qual é o "telhado de vidro" da empresa, em que áreas há mais reclamações e o que as motivou.

Due diligence

O jurídico trabalhista está apto a realizar uma due diligence, para auxiliar a empresa no momento da venda ou da incorporação. Com o mercado de fusões e aquisições aquecido, é importante manter a empresa organizada e conhecer bem os riscos de passivos trabalhistas, para o caso de tomar uma decisão diante de uma oferta de compra ou parceria.

Longo prazo

A implantação de um programa governança trabalhista é um trabalho de médio e longo prazo, em que as vantagens só podem ser verificadas ao longo do tempo, com a diminuição de passivos trabalhistas.

Fonte: Lilliana Bortolini Ramos, advogada trabalhista

Para reduzir os custos com reclamatórias trabalhistas, as empresas estão cada vez mais adotando a prevenção como arma. Para isso, o departamento jurídico das companhias está passando por uma reformulação. Antes especializado na defesa de ações judiciais, esse setor agora também vem sendo utilizado para fazer um trabalho de inteligência, amparando as iniciativas da empresa de forma clara dentro da legislação trabalhista brasileira, conhecida por sua complexidade. Advogados inclusive batizaram esse conjunto de regras como governança trabalhista, pegando carona no sucesso do termo governança corporativa.

Lilliana Bortolini Ramos, advogada trabalhista e sócia do escritório curitibano Becker, Pizzatto & advogados Associados, conta que a demanda pelo serviço vem crescendo. "É um trabalho em equipe realizado entre o departamento jurídico e o de recursos humanos. A empresa estabelece seus objetivos estratégicos, e a gente atua com o RH para propor um plano de ações e depois realizar o trabalho de monitoramento dos indicadores estabelecidos", afirma. Melhorar a relação com os sindicatos, fazer pesquisas de clima organizacional e adotar políticas de capacitação dos colaboradores são algumas das medidas usadas pela governança trabalhista, segundo ela.

O grupo de publicidade OpusMúltipla, que conta com 108 funcionários, é um exemplo de empresa que vem praticando a ideia. Desde 2009, seu plano estratégico anual contempla indicadores ligados à área de gerenciamento das relações de trabalho. Além disso, o grupo conta com a consultoria de um escritório de advocacia para a implementação de qualquer iniciativa relacionada aos colaboradores. "Contratamos o escritório para termos maior certeza de que todos os nossos procedimentos e normas internas de relações com os funcionários estejam dentro da lei. Às vezes até a CLT [Consolidação das Leis de Trabalho] é omissa, então é preciso pesquisar bem a jurisprudência", diz João Namir Moro, diretor administrativo-financeiro do Grupo OM. "A gente não espera mais que um funcionário entre com uma reclamatória para então tomar uma providência. O objetivo é sempre se antecipar e evitar qualquer conflito futuro", afirma.

Um dos pontos observados pela agência de publicidade para monitorar a eficácia do serviço é a taxa de rotatividade de funcionários. Devido à escassez de talentos e à legislação que onera o empregador, o custo da perda de um colaborador costuma ser bastante alto para as empresas brasileiras. "A retenção é importante. Por isso o trabalho precisa ser preventivo, e não corretivo", afirma Moro.

Para Lilliana, a ideia de que no Brasil o trabalhador sempre vence as ações na Justiça deixou de ser uma realidade. "É um mito. A indústria do dano moral, que já existiu no passado, hoje não existe mais. Se você faz um trabalho preventivo e mostra ao juiz toda a documentação relacionada aos funcionários, as chances de sucesso são enormes", diz.

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