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Ineke Hoekman (de vermelho) é mãe de dois filhos e diretora da Microsoft, que começou a adotar a flexibilização da jornada na Holanda e em outros países europeus | Michel de Groot/International Herald Tribune/The New York Times
Ineke Hoekman (de vermelho) é mãe de dois filhos e diretora da Microsoft, que começou a adotar a flexibilização da jornada na Holanda e em outros países europeus| Foto: Michel de Groot/International Herald Tribune/The New York Times

Utrecht, Holanda - Aos 37 anos, Remco Vermaire é o sócio mais jovem em seu escritório de advocacia. Seus clientes, todos banqueiros, costumam telefoná-lo constantemente – exceto às sextas-feiras, quando ele cuida de seus dois filhos. Dos 33 advogados da empresa, 14 trabalham por meio período, assim como muitos de seus cônjuges. E alguns clientes também. "Trabalhar quatro dias por semana agora é a regra e não a exceção entre os meus amigos", diz Vermaire, primeiro advogado da empresa a adotar o "Dia do Papai", em 2006. Dentro de um ano, todos os outros advogados do sexo masculino que têm filhos pequenos seguirão o exemplo.

Por razões que misturam tradição e modernidade, 3 em cada 4 mulheres holandesas já trabalham por meio período. Setores predominantemente femininos, como saúde e educação, operam quase inteiramente no modelo de partilha de trabalho. Mesmo as mulheres sem filhos e mães com filhos adultos trocaram a renda pela folga.

Mas, ao mesmo tempo, em poucos anos, a semana de trabalho de quatro dias na Holanda deixou de ser prerrogativa das mulheres para se tornar uma poderosa ferramenta de atração e retenção de talentos – homens e mulheres – no competitivo mercado de trabalho holandês. De fato, para um crescente número de jovens profissionais, o apetite por uma jornada semanal mais curta e mais flexível parece estar se espalhando, com implicações para tudo: desde a identidade de gênero ao tráfego da hora do rush.

A cultura holandesa de trabalho por meio período de alguma forma acelerou a história, oferecendo uma visão dos desafios – e das possíveis soluções – à frente das nações com força de trabalho cada vez mais velha e escassez de qualificações. "Nossa experiência sobre o meio período nos ensinou que você pode organizar o trabalho em um ritmo diferente daquele das 9 às 5", diz Pia Dijkstra, membro do Parlamento e conhecida ex-âncora de jornal, que liderou um grupo de trabalho sobre as práticas de trabalho das mulheres. "Agora, temos de levar isso para o próximo nível. A próxima geração já está fazendo isso", acrescenta, apontando uma tendência crescente para práticas de trabalho mais flexíveis. "De uma fraqueza, eles estão transformando nossa cultura de meio período em uma força", analisa.

Flexibilidade

Em Tilburg, Radboud van Hal lidera a área de recrutamento de talentos da Achmea, a maior companhia de seguros holandesa. Ele toma café da manhã e janta com sua família, e joga futebol nas tardes de quarta-feira. Ele ainda trabalha 40 horas por semana. No prédio de 19 andares em que trabalha, os funcionários têm smartphones, laptops, armários e mesas, mas não mais designadas. Os sete espaços de trabalho para cada dez trabalhadores efetivos serão reduzidos para seis neste ano.

A tendência também está migrando para as multinacionais no país. Na sede da Microsoft holandesa, Ineke Hoekman, diretora de recursos humanos e mãe de dois filhos, costumava trabalhar por meio período. Em 2008, porém, quando a empresa se mudou para um espaço sem postos de trabalho designados e os funcionários foram instruídos a trabalhar "em qualquer lugar, a qualquer hora", ela gradualmente voltou a trabalhar em período integral. Todas as sextas, sua equipe convive com chamadas em conferência diretamente da aula de futebol de seu filho.

Aspectos deste "novo mundo do trabalho" têm sido exportados para outros escritórios da Microsoft, mas a flexibilidade permanece maior na Holanda. Cerca de 95% dos trabalhadores holandeses da Microsoft trabalham em casa pelo menos um dia por semana; cerca de um quarto deles o fazem em quatro a cada cinco dias. A comunicação on-line e as chamadas em conferência economizaram tempo, gasolina e papel.

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