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A história desse domingo mostra que, embora a juventude seja tempo de experimentação, de erros e acertos, há uma hora certa para tudo. E, se o profissional não tiver a percepção do cronograma adequado para seu aperfeiçoamento, ele poderá desperdiçar tempo precioso, que não volta mais. Espero que o exemplo da personagem seja útil para todos os jovens que se encontram em semelhante situação.

Elis é formada em Administração e passa hoje por um dilema comum em jovens que experimentaram a vivência no exterior: voltar ou não para o país estrangeiro para novas oportunidades profissionais.

Tudo começou quando ela ingressou em um intercâmbio para estudante, quando ainda cursava a faculdade. Ela trancou a matrícula por seis meses e permaneceu nos Estados Unidos para aperfeiçoar o inglês. Na volta ao Brasil, Elis trouxe mais do que souvenirs. Trouxe consigo a vontade de conhecer outras culturas, costumes distintos e idiomas diferentes. Por isso, organizou toda a sua rotina pensando em viajar mais.

Assim que se formou, a jovem conseguiu um emprego temporário em uma rede americana de hotéis. Para tanto, ela utilizou os contatos adquiridos na época do intercâmbio estudantil.

Uma vez no estrangeiro, Elis pleiteou um visto para trabalho temporário, que conseguiu com a ajuda da organização do hotel. Legalizada, a moça permaneceu nos EUA por 12 meses, executando a função de camareira do hotel. Nesse período, ela aprendeu muito sobre o país, suas leis e costumes. Todavia, não desenvolveu seus conhecimentos em administração, uma vez que o cargo que executava era extremamente operacional e de responsabilidades limitadas.

Então, ao final do período de permanência permitido pelo governo americano, Elis retornou ao Brasil. Mas não se aquietou e continuou tentando novas oportunidades no exterior.

Com muito esforço, ela conseguiu nova tentativa no Canadá, também em uma rede de hotéis. A função era a mesma executada nos EUA e o período de permanência também.

Por isso, quando expirou seu visto de trabalho temporário, Elis precisou voltar a sua terra natal, mesmo a contra-gosto. E, finalizada aquela experiência, ela conseguiu, ainda, outras duas oportunidades: uma na Espanha e a outra na Alemanha. Em ambos os países ela permaneceu por 12 meses e nas funções de camareira e recepcionista de hotéis.

E, após quatro anos longe do mercado brasileiro e da realidade de nosso país, Elis retornou ansiosa para trabalhar em sua área de formação. Afinal, ela havia chegado ao limite em hotéis e estava interessada em desempenhar funções menos operacionais, em que pudesse desenvolver sua habilidade estratégica.

Porém, as empresas nacionais não viram em Elis uma profissional com experiência suficiente para executar funções administrativas, pois toda a sua vivência profissional era voltada para a arrumação de quartos. Muitos dos empresários a quem ela solicitou emprego lhe sugeriram que sua iniciasse sua carreira no Brasil trabalhando em hotéis, na função que ela bem conhecia e que, ao poucos, fosse conquistando espaço e galgasse seu caminho para a área administrativa. Então, quando isso acontecesse, ela poderia retornar e solicitar uma vaga como profissional de administração.

Elis, desanimada, voltou a pleitear colocações no exterior e agora, está entre um dilema pois não sabe se deve aceitar uma vaga como recepcionista em um hotel, na Inglaterra, ou se permanece aqui, com uma remuneração menor, mas com foco em sua carreira futura.

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As dúvidas que um profissional enfrenta no início de sua carreira são muitas e nem sempre elas cessam com o passar dos anos. Mas, a experiência pode amenizar a ansiedade e o medo do futuro incerto. Por isso, é importante que os profissionais planejem as etapas de suas carreiras, visando os percalços iniciais e as formas de ascensão. Assim, eles poderão identificar o momento certo para cada aprendizado, seja de habilidades técnicas, comportamentais, culturais, etc. Pois o mercado determina uma hora certa para tudo, desde o desenvolvimento inicial (destinado aos jovens), até o amadurecimento profissional (esperado daqueles que estão atuando há mais tempo na profissão). Por isso, é preciso perceber que todas as experiências adquiridas na juventude devem agregar algum conhecimento para a valorização da carreira. Afinal, não se pode perder tempo executando funções que não proporcionam desafios e não trazem engrandecimento intelectual ou financeiro.

SAIBA MAIS...

Projeto Conhecer

Desde 2003, a ChevronTexaco, que atua na distribuição de combustíveis e lubrificantes vem ajudando crianças e adolescentes carentes do Rio de Janeiro por meio do projeto Conhecer. Além do aprendizado da língua inglesa, o programa também é uma oportunidade que esses jovens têm de conhecer uma nova cultura. O projeto conta com outros dois parceiros: a Fundação Casa Santa Ignez, que fornece a infra-estrutura para a realização das aulas, e o American Language Center, responsável pela elaboração do plano pedagógico e pelo fornecimento de material didático e professores. Participam do programa jovens atendidos pela Fundação Casa Santa Ignez que são, em sua maioria, moradores da Favela da Rocinha. As aulas são semanais, com duração de duas horas, e acontecem na sede própria fundação. A cada ano os estudantes avançam um nível e recebem um certificado. Mais de 400 crianças e adolescentes já passaram pelo projeto Conhecer que, atualmente, atende 140 jovens divididos em seis turmas.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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