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Jocélia estava no último ano da faculdade de Direito quando aceitou um estágio em um grande escritório da cidade. O salário oferecido era pequeno, mas a chance de ser efetivada parecia real. Por isso Jocélia apostou na oportunidade.

Já na primeira semana a jovem precisou ficar após o expediente para adiantar o trabalho abandonado pela estagiária anterior. O volume de funções era grande, e o horário normal não era suficiente para colocar em dia o serviço da empresa.Embora achasse cansativo, a jovem não reclamava das horas extras, acreditando que seria reconhecida no momento oportuno. Os dias se passaram e o número de tarefas não diminuiu. Pelo contrário: Jocélia precisou levar trabalho para casa. Após alguns meses, ela conseguiu finalizar as questões pendentes e, orgulhosa, informou ao supervisor do estágio o que havia concluído. A aluna de Direito imaginou que iria conquistar respeito e credibilidade perante a firma. Porém, o que aconteceu após esse episódio foi bastante diferente do que Jocélia havia esperado. Nos meses seguintes, coube à jovem executar funções que não correspondiam à sua posição. Os advogados do escritório lhe solicitavam que fosse à padaria ou à lanchonete para comprar lanches para a equipe. Algumas profissionais chegavam a lhe pedir que fosse até a farmácia para comprar absorventes íntimos. Jocélia, apesar de ser estagiária de Direito, passou a fazer o serviço de um office boy, tirando fotocópias de documentos e pagando as contas da firma. Ocupava parte do dia em filas de banco. Quando retornava à empresa, preparava o cafezinho e limpava mesas. Embora soubesse que estava sendo explorada e tendo sua capacidade depreciada, Jocélia não reclamava para o supervisor do estágio, pois acreditava que tudo aquilo era parte de um teste de desempenho e de disponibilidade para ingressar na firma. Em função disso, a jovem se mostrava sempre disposta e dinâmica, independentemente do que lhe era solicitado. Sua esperança de ser efetivada a motivava a agüentar a situação imposta. Os advogados do escritório, por sua vez, não prestavam muita atenção em Jocélia. Para eles, bastava que ela executasse suas tarefas com rapidez. Certo dia, porém, a estagiária se atrasou no banco e não conseguiu trazer na hora marcada alguns documentos. Ao chegar à empresa, seu supervisor já a esperava na porta. Então, sem deixar que ela justificasse a demora, despediu-a imediatamente. Jocélia, assombrada com a atitude do profissional, perguntou se teria uma segunda chance - afinal, almejava muito ingressar na firma quando se formasse. Mas o que ouviu do advogado fez com que ela se arrependesse de todo o esforço e do tempo perdido. "Jocélia", disse o supervisor, "não a contratamos para que fosse uma advogada. Nosso time de profissionais está completo. Agora precisamos apenas de uma estagiária para funções operacionais, que custe pouco e nunca questione". Após a experiência no escritório, a estudante aprendeu que é preciso respeitar os limites da profissão e que posição alguma vale mais que a dignidade de uma pessoa. Jocélia, hoje, é advogada associada em uma firma de renome e faz questão de supervisionar os estagiários da empresa, tratando-os com respeito e dando valor a eles.

Os estagiários são mão-de-obra barata e de boa qualidade, pois têm suporte acadêmico e conhecimento a ser lapidado. Porém, sua função não é tapar buracos onde deveriam estar profissionais formados. O papel desses jovens é executar tarefas dentro de sua área de atuação, mas com certas restrições de responsabilidade. O período do estágio serve para que os alunos visualizem, de perto, o mercado de trabalho no qual estão prestes a ingressar, mas também para que tenham a oportunidade de errar e de aprender com esses erros. Até porque, a partir do momento em que se torna um profissional, não é permitido ao jovem se equivocar. Por esse motivo, a fase do estágio deve ser valorizada pelas empresas, que precisam ter em mente que um estudante bem preparado tem maiores chances de se tornar um profissional capacitado.

SAIBA MAIS...Incentivo ao voluntariado e à responsabilidade social

O Centro de Ação Voluntária de Curitiba (CAV) realiza entre os dias 12 e 14 de maio a IV Mostra de Ação Voluntária – Cidadania e Responsabilidade Social. O evento tem como objetivo divulgar projetos desenvolvidos pelos três setores da sociedade - governo, empresas e sociedade civil organizada -, além de servir de ponte para o estabelecimento de novas parcerias. Estão previstos na programação palestras, oficinas e debates abordando assuntos diversos. O CAV é responsável pela promoção do voluntariado em Curitiba em vários níveis. Pessoas que desejam ser voluntárias e não sabem como, podem participar de palestras explicativas, realizadas todas as semanas. Já o meio empresarial conta com assessoria e orientação para o desenvolvimento de programas de voluntariado por meio do projeto Ação nas Empresas. Mais informações sobre a mostra podem ser obtidas pelo telefone (41) 322-8076 ou pelo e-mail comunicacao@acaovoluntaria.org.br.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.

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