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O laudo oficial do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), que deverá ser divulgado nesta quinta-feira (10) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, vai descartar a existência de focos de febre aftosa no Paraná, segundo apurou a reportagem da Gazeta do Povo. O laudo com essa conclusão seria enviado ainda nesta quarta pelo Lanagro, um laboratório ligado ao ministério e sediado em Belém (PA), ao gabinete de Rodrigues, em Brasília.

A reportagem apurou também que o laudo será imediatamente encaminhado pelo ministério à Comunidade Européia. É uma tentativa de abrandar os embargos às carnes brasileiras impostos por 49 países, que suspenderam totalmente ou restringiram a compra do produto. Os embargos começaram em 10 de outubro, quando foi confirmado o surgimento do primeiro foco de aftosa em Mato Grosso do Sul, principal exportador nacional de carne bovina, mas foram ampliados a partir da divulgação da suspeita no Paraná.

Se realmente ocorrer nesta quinta, a divulgação do diagnóstico encerra um longo período de 21 dias de angústia e prejuízos para pecuaristas de corte e de leite, criadores de suínos e até produtores de aves – animais não-suscetíveis à febre aftosa – , que tiveram a venda de seus produtos a estados vizinhos impedida por barreiras sanitárias e a exportação suspensa pelos embargos. Até o consumidor urbano foi afetado por essa situação. Levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) apontou que o preço da carne subiu 6,57% em Curitiba no mês de outubro. O produto foi o principal responsável pela maior elevação do valor da cesta básica desde maio de 2004.

A suspeita de que a febre aftosa havia chegado ao Paraná foi anunciada em 21 de outubro. Imediatamente, o governo estadual tomou medidas rigorosas para evitar a eventual propagação da doença. Ainda no dia 21, interditou as 40 propriedades que receberam bovinos vindos de Mato Grosso do Sul nos 60 dias anteriores ao foco – entre elas as quatro propriedades que abrigavam os 19 animais que apresentaram os sintomas, nos municípios de Loanda, Amaporã, Maringá e Grandes Rios.

Um dia depois, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) proibiu a realização de qualquer evento reunindo animais – feiras, rodeios e leilões. Como consequência do embargo internacional, os dois frigoríficos paranaenses voltados exclusivamente à exportação (Garantia e Margen) suspenderam o abate de bovinos. Produtores de leite tiveram que jogar fora milhares de litros do produto que era enviado in natura ao estado de São Paulo para pasteurização. O setor avícola teve retidos nas divisas carregamentos de carne, ovos e pintos.

Medidas preventivas

O governo estadual sempre defendeu o rigor das medidas preventivas, com a justificativa de que eram necessárias, e criticou a suposta demora de Mato Grosso do Sul em comunicar as suspeitas naquele estado. Teria sido essa demora a causa de todo problema no Paraná, já que, se tivesse sido avisado a tempo, o estado teria impedido a saída dos animais sul-matogrossenses vendidos na feira Eurozebu, em Londrina, e que depois apresentaram os sintomas.

A precaução do Paraná foi elogiada pelo secretário de Defesa Sanitária Animal do ministério, Gabriel Maciel, e pelo próprio ministro Roberto Rodrigues. Nos últimos dias, o ministério começou a dar sinais de que os exames que estavam sendo feitos descartariam a presença da aftosa no Paraná. À medida em que concluía novas baterias de exames, o Lanagro divulgava seus resultados, sempre negativos.

Na terça-feira (08), Rodrigues chegou a dizer que se precipitara ao dizer, quando soube da suspeita paranaense, que havia 90% de chance de o resultado ser positivo. Ele justificou que tirara essa conclusão por causa da origem sul-matogrossense dos animais que apresentaram sintomas de aftosa.

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