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Todo mundo acha que sabe manipular as máquinas fotográficas. Eu também achava. Mas elas são como garotas melindrosas que se fazem de difícil no primeiro encontro. (Eu até diria que elas têm um quê das curitibanas – não sei exatamente por quê.) Além disso, costumam pregar peças. Aprontam e você só fica sabendo muito depois. Na mística hora da revelação. E, aí, as recordações de suas férias já eram.

Minha primeira experiência com uma melindrosa foi há muito tempo, em uma excursão (assim fica mais chique) a Matinhos. Ainda me lembro. Tirei dezenas de fotos. Meninas de biquíni. O jogo de futebol. A galera inteira no churrasco. O engraçado é que, embora tenha tirado muitíssimas fotos, não precisei trocar o filme nenhuma vez. Eta filminho bom! Só fui perceber depois por que ele rendeu tanto. Coloquei o filme na máquina e ele não engatou na carretilha. Na revelação, não saiu nada. Agora, sempre coloco o filme, bato uma foto de teste e abro a máquina para ver se rodou. Só depois começo a bater as fotos de verdade.

Nunca mais voltei a repetir esse erro. Mas cometi vários outros. Nem vou me detalhar nas vezes que deixei o dedo ou a alça da máquina na frente da lente... Ou das ocasiões que, imbuído de meu mais íntimo sentimento de açougueiro, saí cortando os pés e o topo da cabeça dos fotografados.

Também errei ao comprar filmes a esmo. ASA 100, 400... Sei lá pra que é isso? Comprava qualquer um. Depois ia vendo a besteira que fazia. Todas as fotos noturnas tiradas com o ASA 100 ficavam meia-boca. O filme é indicado para fotos diurnas. Uma vez fui convencido por um vendedor a pagar uma fortuna pelo ASA 800. Ele disse que as fotos noturnas ficavam lindas. E realmente ficaram. Mas em compensação a qualidade das fotografias tiradas de dia... Uma negação. Aprendi que o filme mais versátil é o 400. Bom para dia e noite.

Mas filme é coisa do passado com minha nova paixão: as maquininhas digitais. Essas mostram o resultado na hora. Mas também tem seus segredinhos. Um deles – só vou contar para vocês – é que elas são amicíssimas dos computadores. De vez em quando você tem que levar as digitais pra bater um papo com um micro. É para desestressá-las, digo, descarregá-las. Caso contrário, se elas estiverem cheias (de fotos) não vão mais colaborar. Você sabe como as garotas são... Por isso, na viagem, sempre leve um cabo de conexão. Ou ela vai ficar te regulando o número de fotos que você pode tirar.

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