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Logo que iniciei minha colaboração neste espaço, há dois anos, pensava em palavras mágicas - nome de um artigo já publicado - que compunham o cotidiano empresarial; palavras que têm ainda um sentido intenso em todas as empresas por onde passo. Longe de pretender escrever sobre gramática, provoco apenas uma reflexão sobre o sentido encantado das palavras e de como podem alterar completamente o rumo de uma conversa ou negociação.

Nesta semana, em encontro de estudo, levantou-se a importância da palavra "mas" num diálogo. "Mas" é um vocábulo que exerce a função gramatical de conjunção por relacionar duas orações. As conjunções podem ser coordenativas e subordinativas e o nosso "mas" integra as coordenativas adversativas (um dos tipos, pois têm outros desdobramentos).

Pois bem. "Mas" como conjunção coordenativa adversativa tema função de estabelecer uma relação entre os sentidos de dois termos ou duas orações da mesma função gramatical. Navegando entre suas co-irmãs "contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém" nosso "mas" faz toda a diferença.

Nesse estudo conjunto, um participante fez uma pergunta ao orientador que confirmou o raciocínio, ou seja, disse que estava correto, MAS... e ao explicar o seu MAS percebeu-se que a conclusão do colega estava totalmente errada. Foi uma maneira educada de dizer "não está certo". Todos riram e o assunto foi tratado com humor!

Embora a função do "mas" seja a de estabelecer uma relação de contraste entre os sentidos de dois termos ou duas orações, nos diálogos diários torna-se uma palavra mágica por aliviar um "não" que poderia parecer indelicado num grupo, numa reunião ou num encontro. É como se o uso do "mas" direcionasse o raciocínio para o caminho correto.

Analisando muito mais o jeito de falar, a sutileza e o encanto das palavras do que a gramática correta ou adequada, nesse caminho poderemos pensar nas muitas formas de se comunicar ou falar com as pessoas que nos cercam na vida profissional. E de como isso interfere em sua motivação.

Usar "Está muito bom o seu trabalho, mas você poderia ajustar aqui ou ali...(ainda que implicasse em alterar quase tudo)" é melhor do que dizer: " Está péssimo; refaça-o todo." Para se motivar é preciso reconhecer o esforço, ainda que o resultado não seja o pretendido.

Maria Christina de Andrade Vieira, empresária, palestrante e escritora, autora de Herança e Cotidiano e Ética: novas crônicas da vida empresarial (2001-2005) (Ambos Ed. Senac-SP).chris@onda.com.br www.andradevieira.com.br

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