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Pode parecer contraditório dizer que uma especialização oferece formação ampla, mas na prática não é. O número de pós-graduações lato sensu que têm em suas grades curriculares abordagens multidisciplinares, ou conteúdos diversificados, está aumentado cada vez mais. Em grande parte, para atender a necessidade crescente no mercado de trabalho por profissionais especializados, porém com uma visão ampla sobre a área de atuação.

"Há uma exigência cada vez maior por esse tipo de formação", diz a coordenadora dos MBAs do Centro Universitário Positivo (Unicenp), Eliana Ribas Bassetti. Ela explica que apesar do conceito de multidisciplinaridade ser mais disseminado nas pós-graduações strictu sensu (mestrado e doutorado), essa visão generalista, também chamada de sistêmica, ganha força entre as especializações. "Na verdade, a multidisciplinaridade nasceu no strictu sensu, que procurava juntar disciplinas, ou pesquisadores, de áreas diferentes em torno de um assunto comum", afirma.

A rigor, até mesmo o desenvolvimento de competências próximas - como é comum na área de Negócios, por meio do estudo de Finanças, Gestão de Pessoas e Logística, por exemplo - pode ser considerado, em menor grau, multidisciplinar, explica José Edmilson de Souza-Lima, coordenador do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Organizações e Desenvolvimento do Centro Universitário Franciscano (Unifae). "Para você ter multidisciplinaridade basta uma 'contaminação' entre as áreas de conhecimento. O que muda entre multi, inter ou transdiscipinaridade é o grau crescente dessa 'contaminação'", explica.

Para o coordenador geral dos cursos de pós-graduações lato sensu da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Hamilton Costa Júnior, há dois motivos principais para esse aumento amplitude nas especializações. Primeiramente, o mercado de trabalho quer mão-de-obra cada vez mais qualificada, mas não super-especializada. "Hoje o mercado não quer mestres e doutores, por exemplo. Quer especialistas, em até mais de uma área, com domínio de várias línguas. É o próprio mercado que faz com que o profissional não fique numa área só", explica.

O segundo, é a dificuldade cada vez maior de separar as disciplinas no tratamento de assuntos ou problemas. "É uma tendência. Fica muito difícil criar casulos em cada área do conhecimento. É cada vez maior o número de assuntos que pedem uma abordagem multi, inter e até transdisciplinar", explica Costa Júnior. Ele cita como exemplo os cursos de Gestão Ambiental e Segurança do Trabalho da universidade, que têm na grade curricular disciplinas de Administração, Didática e Psicologia.

Carreira

De acordo com o profissional de coaching Bob Hirsch - que também é professor da Esic Business & Marketing School, em Curititba, e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo -, esse movimento de diversificação é benéfico para a carreira dos profissionais. "Ninguém consegue atuar hoje com uma visão fragmentada. É necessário o conhecimento do todo", defende.

No entanto, amplitude não quer dizer superficialidade, explica a professora Eliana, que também é consultora de carreiras. É possível o estudo aprofundado de um assunto mesmo por vários ângulos sem que isso implique em prejuízo profissional. "Por exemplo, há cursos na área de saúde especializados em doenças mentais. Há disciplinas de assistência social, psiquiatria, psicologia, fisioterapia, enfim, diversos ângulos para tratar do mesmo assunto. No entanto, o profissional vai dar o enfoque conforme a sua formação. Médicos vão utilizar esses conhecimentos, mas dentro da sua área", explica.

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