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Em palestra a executivos de bancos, o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz fez nesta segunda-feira duras críticas à política econômica mantida pelo governo Lula. Segundo ele, os altos juros impedem que o país tenha "um crescimento robusto" e cria um "círculo vicioso", na medida em que aumenta o serviço da dívida pública. Stiglitz disse ainda que o controle da inflação em si, justificativa usada pela equipe econômica para a atual política, não garante estabilidade e a diminuição da desigualdade.

- Quando assumiu o governo, Lula tinha dois caminhos, ambos difíceis. O primeiro seria manter a ortodoxia e convencer o mercado de sua escolha, o que poderia levar à queda dos juros no futuro. A outra opção, mais agressiva, seria mudar a estrutura econômica, deixando o país menos dependente de capital externo. Ele optou pela primeira, mas infelizmente a queda dos juros tem sido muito lenta. A pergunta que fica é quanto tempo vai durar a confiança que o mercado tem do Brasil - discursou ele, em evento organizado pelo Banco Latino-Americano de Exportações (Bladex).

Mais tarde, durante coletiva, Stiglitz elogiou o governo da Argentina, que "resistiu às pressões" do FMI e dos bancos internacionais na reescalonação da sua dívida externa e estava do lado certo. Perguntado se o Brasil, estava do lado certo ou errado, respondeu:

- O júri ainda não decidiu.

Não à toa, Stiglitz faz nesta terça-feira uma palestra em Buenos Aires e a tônica deve ser a mesma da apresentação de São Paulo. O economista criticou dogmas do chamado Consenso de Washington, que pregam a liberação da economia e a abertura de mercados para atingir a estabilidade e o crescimento econômico. Segundo ele, mesmo organismos como o FMI já aceitam a idéia de que o Consenso "não era necessário ou suficiente" para o equilíbrio econômico e a diminuição das desigualdades sociais. Como argumento, comparou estatísticas sobre a variação recente do PIB entre os países da América Latina - que seguiram a liberação defendida pelo mercado - e os da Ásia.

Ainda na avaliação do economista, não há razão para que a crise política contamine a economia, porque medidas responsáveis do ponto de vista econômico "já fazem parte do espírito do país". Ou seja, não vão mudar com a troca de ministros. Ainda segundo ele, o mercado "não quer se preocupar" com a crise porque tem interesse de que seja mantido este sentimento de estabilidade. Mas disse que "tudo pode mudar" e "cair por terra" em função dos desdobramentos da crise.

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