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Até dois anos atrás era proibida a vinculação do ensino médio ao ensino técnico e só podia ser ofertado o chamado "pós-médio". Com a promulgação do Decreto 5.154/04 a situação retornou ao quadro anterior, permitindo a integração e reabrindo a possibilidade de ingresso nos cursos técnicos dos concluintes do ensino fundamental. "Unindo a formação básica e específica, certifica-se novamente o aluno para o exercício profissional ao final de quatro anos", explica a chefe do Departamento Estadual de Educação Profissional, Sandra Garcia. "Desse modo, o trabalho também é visto como princípio educativo, considerando indissociáveis o esforço manual e intelectual, presentes no processo produtivo."

Renovada a permissão da integração, o pró-reitor adjunto de Graduação e Educação Tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Cion Cassiano Basso, respira mais aliviado. Com aquela separação, as desistências começaram a ficar mais comuns nos cursos estritamente técnicos, por não mais integrarem o curso natural dos estudos. "Com isso a instituição chegou a ofertar cursos para turmas reduzidas e investiu mais nos cursos de tecnologia, de nível superior, que tiveram grande expansão a partir do início do século e que somam hoje 33 cursos", explica ele.

Basso diz ainda que está em estudo pelo Ministério da Educação (MEC) a avaliação da grade horária dos cursos de tecnologia, devido às grandes disparidades entre a duração deles, que variam de dois e quatro anos. "Mas essa reformulação geral que pode ser realizada não deverá afetar a UTFPR. Os cursos aqui têm muita consistência quanto a sua carga horária", explica ele.

Outro ponto que vem sendo discutido, segundo ele, é a questão da quantidade de áreas disponíveis no ensino tecnológico. A intenção é analisar e reduzir esse número, já que muitos têm conteúdo idêntico, apesar de serem dirigidos a segmentos diferentes. "A idéia da discussão é fazer um enxugamento dessas áreas, que irá resultar num novo catálogo dos cursos de tecnologia", assinala.

Ajustes

O fim temporário do vínculo do ensino técnico ao segundo grau esteve diretamente ligado a adaptações das políticas educacionais brasileiras ao cenário econômico da época em que fora remodelado, nos fins do século 20. No livro "Ensino Técnico e Globalização", da Editora Autores Associados, o autor Marcos Martins analisa essas transformações promovidas pelo Decreto n.º 2208/97, que foram vistas como um ajuste às inovações no modo de produção e da globalização econômica. Martins investiga esse processo, questionando o fato desde um ponto de vista da produção de cidadania, analisando a influência da economia da época sobre o modelo educacional destinado à profissionalização.

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