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Estabilidade é a palavra-chave para quem faz concursos públicos. Os candidatos buscam salários e benefícios impensáveis na iniciativa privada. E para essa conquista vale tudo, até pedir demissão do emprego para se dedicar somente aos estudos – é uma opção arriscada, mas cada vez mais considerada pelos candidatos. Porém, especialistas aconselham que o futuro "concurseiro" avalie bem a situação antes de tomar qualquer atitude. Muitos aprovados em concursos importantes conseguiam conciliar trabalho, estudo e família; mas, se a decisão for mesmo pedir demissão, é preciso ter em mente que será necessária uma boa reserva financeira, além de dedicação, disciplina e planejamento.

A possibilidade de fazer planos financeiros a longo prazo e ter melhor qualidade de vida motivou o gerente de contabilidade Alexandre Pisani a largar a iniciativa privada. Na época, ele trabalhava em uma empresa de logística. "Saí em janeiro de 2007. Quis dar um tempo porque minha primeira filha ia nascer em poucos dias e, com o ritmo absurdo de trabalho, em média 14 ou 15 horas diárias, perderia uma experiência única", conta. Segundo ele, a decisão pelo concurso veio um pouco depois. Passados seis meses do nascimento da filha, ele não quis mais voltar para a iniciativa privada: preferiu se dedicar aos estudos para tentar uma carreira pública. "Queria algo com mais qualidade de vida, e poder me dedicar um pouco mais a mim e a minha família."

Carlos Alberto De Lucca, coordenador geral do curso preparatório Siga, faz um alerta. Se ao pedir demissão o candidato a cargo público fica com mais tempo para estudar, por outro lado a pressão para ser aprovado no concurso aumenta muito. "Se o candidato quer se demitir para prestar um concurso que não tem data de publicação do edital, é necessário separar uma boa reserva financeira para que possa se manter por pelo menos por um ano. Se o edital já foi publicado, e o tempo até a prova for por volta de 30 a 60 dias, existe a possibilidade de tirar férias vencidas, sem a necessidade de se demitir", explica.

Pisani diz não se arrepender de ter pedido demissão. Segundo ele, o período médio para se passar em um concurso é estimado em dois ou três anos. Com dedicação exclusiva, indo às aulas pela manhã e estudando o resto do dia, ele foi aprovado, em seis meses, num concurso que considera "intermediário", ou seja, que não era o seu objetivo principal.

"Há vantagens no objetivo intermediário. Ele serve como ‘test drive’ para ver como é o serviço público. A pressão por passar não é tão grande, na verdade ela diminui enormemente, dá uma sensação de ‘eu posso’, e é sempre bom voltar a ter renda. Por outro lado, o foco tem que ser mantido, pois fica fácil se acomodar", justifica Pisani.

Tempo

De Lucca, do curso Siga, lembra que o concurso é uma ação de médio prazo. Entre a divulgação do edital, realização das provas, análise de recursos, convocação e posse dos aprovados, leva-se alguns meses. Ou mais. "Um detalhe importante é o prazo de validade do concurso, que é de até dois anos, prorrogável por igual período. Assim, o candidato poderá ser chamado mesmo após quatro anos da realização de seu concurso. Então, é preciso levar esse tempo em consideração antes de se demitir."

Para conquistar a carreira pública é preciso traçar e seguir com disciplina uma rotina de estudos. No caso de Pisani, de outubro de 2007 até setembro de 2008 ele freqüentou as aulas de um curso preparatório das 9 às 12 horas, estudando em casa das 14 às 21 horas, com pausas de 15 minutos a cada duas horas e uma pausa maior, de cerca de uma hora, no fim da tarde. Desde 1º de outubro, ele está trabalhando, das 8 às 14 horas – por isso, passou a estudar sozinho, em casa, das 16 às 21 horas.

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