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Um das principais características da sociedade atual é a demanda visual excessiva e a ela as pessoas se habituam. O apelo visual está presente em tudo e esse apelo, além de exagerado, é veloz. Ou seja, as pessoas se acostumaram a consumir imagens - observem-se as aulas espetáculo - e a dificuldade de escrever, ler e pensar é cada vez maior.

Essas aulas espetáculos são curiosas! Assisti há pouco tempo uma delas de palestrante conhecido no mercado. A palestra deveria durar 40 minutos, mas os primeiros 20 trataram dos livros e vídeos publicados e produzidos pelo palestrante que, além de serem projetados no telão, a cada menção pedia palmas para quem tivesse lido ou assistido, ou seja, a metade do tempo foi dedicada à venda de seus produtos que estavam expostos no saguão. A relevância da imagem se faz sentir nas diversas mídias iniciando pela Internet. Quer algo de consumo mais instantâneo e ágil do que isso? Os outdoors para causar impacto necessitam de forte imagem e texto curto e inteligente, ou melhor, brilhante, além de uma grande sacada. É desses que todos lembram. As revistas semanais têm cada vez mais imagem com menor texto. Os jornais, para fazer frente à concorrência de leitura, aprimoram mais e mais os lays outs e buscam ferrenhamente assuntos e temas que vendam. Voltamos ao espetáculo que faz sensação, marca e vende. Afinal, tudo isso é para ser vendido!

Não muito tempo atrás, a revista semanal "Veja" para ser lida, consumia mais de um dia. Era esperada pela família aos domingos e os textos profundos, sérios e consistentes exigiam reflexão. Hoje, para fazer frente à concorrente "Época", cujo lay out é totalmente visual com muita foto e textos curtos, percebe-se que a leveza predomina nos textos, a densidade se foi e a sessão "acompanhamento político" de forma espetacular - outra característica de nossos tempos - é marca registrada. Pode ser lida em... creio que uma hora. Não há o que "digerir".

Aqueles que refletem, pensam, raciocinam, entendem processos e sua lógica intrínseca fazem a diferença num mercado tão carente de seres pensantes! Porém, nada é mais sedutor do que o prazer de uma leitura que exige do intelecto e que leva a relações, comparações, interligações - alguém já disse que inteligência é isso! E que ainda oferece prazer intenso e especial, enriquece a satisfação e, sobretudo, é intenso.

Maria Christina de Andrade Vieira, empresária e escritora, autora de Herança (Ed.Senac-SP), Cotidiano e Ética: crônicas da vida empresarial (ed. Senac-SP).chris@onda.com.br www.andradevieira.com.br

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