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A Petrobras comunicou nesta semana um reajuste de 27% às distribuidoras que comercializam o gás natural importado da Bolívia. A medida deverá afetar consumidores dos estados de Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, e será adotada em duas parcelas: 14% a partir de agosto e 13% em outubro. Por receber o gás natural produzido na Bacia de Campos, o estado do Rio de Janeiro não sofrerá com a decisão.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Natural (Abegás), Romero de Oliveira, ainda não é possível prever o repasse para o consumidor, já que este cálculo dependerá da estratégia de cada companhia regional.

Na carta enviada às empresas, a estatal alega que a nova lei de hidrocarbonetos da Bolívia - que elevou os impostos de 18% para 50% - está encarecendo o preço do gás e poderá afetar novos investimentos que deverão ser feitos no país. A estatal estava sem reajustar o combustível desde o início de 2003, quando fixou um teto para os preços.

Oliveira conta que a Abegás irá se reunir com o gerente de comercialização da Gaspetro (subsidiária de gás da Petrobras), Rogerio Manso, para discutir o reajuste no dia 2 de agosto.

- Estamos convidando o Rogério Manso para fazer uma exposição. O encontro acontecerá depois que o reajuste entrar em vigor, no início de agosto, mas a Petrobras fez o comunicado no dia 26 e não tivemos muito tempo para conversar. O setor carece de uma explicação - diz.

Segundo a associação, o volume de gás natural comercializado em junho foi superior a 39 milhões de metros cúbicos por dia, com aumento de 4,21% na comparação com o mesmo mês de 2004. Deste montante, 24 milhões de metros cúbicos diários, ou 61%, vieram da Bolívia.

Diante do reajuste, algumas já estão se manifestando. Nesta quinta-feira, a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) enviou um ofício à estatal, assinado por Rubico Camargo, que deverá deixar a presidência da distribuidora na próxima semana. Na nota de repúdio, ele diz que 'a Petrobras está utilizando a situação política e econômica da Bolívia como justificativa para aplicar aumentos represados no preço do gás natural'.

E também sugere que a empresa esteja tentando conter o consumo do gás natural para garantir o abastecimento de indústrias térmicas: 'A Petrobras não estaria procurando conter o crescimento do consumo, através da alta do preço, para reservar o gás para o setor elétrico?', questiona. A empresa fornece gás natural para cerca de 1,168 mil consumidores.

Em São Paulo, deverão ser afetados consumidores das empresas Comgás, Gás Brasiliano e Gás Natural. A primeira companhia atende a 177 municípios das regiões metropolitana de São Paulo, administrativa de Campinas, do Vale do Paraíba e da Baixada Santista. Cerca de 50 deles recebem o gás natural da Bolívia, que é repassado a 470 mil clientes nos segmentos industrial (80% do total), automotivo (10%), residencial, de usinas térmicas e de cogeração (10%).

Já a Gás Natural atende a 93 municípios do Sul do estado de São Paulo e as regiões administrativas de Sorocaba e de Registro,sendo que 18 mil consumidores de 11 municípios recebem o gás natural da Bolívia.

Procurada, a Petrobras ainda não confirmou o reajuste. No auge da crise boliviana, no entanto, o então presidente da estatal brasileira, José Eduardo Dutra, disse que não havia previsão de aumento de preços no Brasil, embora tenha admitido rever invetimentos no país vizinho.

Em junho, a empresa chegou a anunciar um plano de contingenciamento para o gás natural, priorizando empresas e o uso residencial. No início de julho, a Petrobras informou o adiamento da construção do Gasene, gasoduto que ligará as regiões Sudeste e Nordeste. O projeto, que deveria começar ainda este ano para ser concluído em 2007, está sendo reavaliado devido à menor oferta de gás e ao aumento de custos.

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