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O resultado da economia brasileira no terceiro trimestre do ano ficou abaixo da estimativas mais pessimistas. O mercado já esperava uma queda no Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas pelo país), mas se surpreendeu com a magnitude da taxa. O PIB teve queda de 1,2% no segundo para o terceiro trimestre deste ano. Foi a maior queda percentual em dois anos e meio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve crescimento de 1%.

Analistas previam uma queda bem menor, entre 0,33% e 0,40%, no período julho-setembro deste ano. O avanço de 1% em relação ao mesmo período de 2004 também frustrou as expectativas, que eram de alta de cerca de 2%.

O resultado foi influenciado pela agropecuária e pela indústria, que registraram queda de 3,4% e 1,2%, respectivamente. O setor de serviços manteve-se estável (taxa de crescimento zero).

O efeito restritivo e retardado dos juros altos da economia - a taxa básica Selic ficou em 19,3% ao ano de abril a setembro - contribuiu para a queda do PIB, como já era esperado. Já o resultado do agronegócio, cujo comportamento carrega certa dose de imprevisibilidade, foi uma surpresa para muitos. Para analistas, os efeitos da crise política dos últimos três meses também teriam tido reflexo sobre as decisões de investimentos.

InvestimentosA alta da Selic foi um dos fatores a jogar para baixo o investimento no país, que apresentou queda de 0,9% no terceiro trimestre frente ao trimestre anterior e de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o resultado negativo, já há analistas apostando num afrouxamento maior da política monetária. Um corte de 1 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) não está descartado.

Segundo Rebeca Palis, gerente de contas trimestrais do IBGE, além dos juros altos, o crescimento alto registrado no terceiro trimestre de 2004, quando esse parcela do PIB (Produto Interno Bruto) apresentou expansão de 19%, também intensificou a redução:

- A taxa de juros é a maior desde o terceiro trimestre de 2003. No ano passado, nesse mesmo período, o percentual estava em 16%. Juntaram dois fatores (juros e base de comparação altos) que afetaram negativamente esse indicador - disse Rebeca.E o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto complementa:

- Os juros são um fator limitante ao crescimento. E os impactos estão sendo sentidos.

Mas, como os preços baixaram e o emprego cresceu, o consumo das famílias continuou em expansão no trimestre. A alta foi 0,8% frente ao segundo trimestre e de 2,8% contra o ano passado:

- Foi o oitavo aumento seguido no consumo das famílias. O crescimento de 4,7% na massa salarial, juntamente com o crédito, que continuou em alta explicam esse comportamento - disse Rebeca.

O coordenador do grupo de conjuntura do Ipea, Fabio Giambiagi, acrescenta que houve uma acomodação de estoques, com a redução da produção.

- Pelo lado da demanda, claramente o vilão da história foi o investimento. A política monetária já viha atuando como um freio e já se sabia que a crise política teria algum efeito, mas não se sabia a magnitude - diz.

Para o quarto trimestre, Fabio Giambiagi diz que é esperada uma dissipação dos efeitos negativos dos juros altos, agora em trajetória de queda, e do choque inicial da crise política. O economista ressalta que a manutenção de um ritmo de vendas razoável deve voltar a demandar produção.

Revisão para baixo Segundo o IBGE, para o país conseguir crescer 3% este ano, a economia precisará expandir 4,3% entre outubro e dezembro, contra os mesmos meses de 2004. Até setembro, a economia brasileira cresceu 2,6% contra 5% no mesmo período do ano passado. O IBGE revisou para baixo o crescimento da economia do segundo trimestre, de 1,4% para 1,1%. O IBGE também rebaixou a taxa do avanço do PIB do primeiro trimestre de 2005 para o último de 2004 (de 0,4% para 0,2%).

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