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O anúncio da redução das áreas sob risco de febre aftosa no Paraná, anunciadas na terça-feira (15) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não deverá aliviar os prejuízos dos produtores de carne do estado. Isso porque a medida é insuficiente para a retirada de embargos impostos à carne brasileira por 49 países e às barreiras levantadas por outros estados.

Segundo reportagem da Gazeta do Povo desta quinta, o ministério reduziu as áreas de risco sanitário previstas na Instrução Normativa 34 para um raio de dez quilômetros – anteriormente era de 25 quilômetros – a partir das fazendas onde havia suspeita de focos de aftosa, nos municípios de Loanda, Amaporã, Grandes Rios e Maringá. Os criadores dessas áreas estão impedidos de vender animais vivos e subprodutos. Nesta quarta, o ministro Roberto Rodrigues anunciou que, no máximo em cinco dias, estarão concluídas as novas análises de laboratório que permitirão afirmar com certeza se há focos da doença no estado.

Segundo Gustavo Fanaya, assessor econômico do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarnes), só os abatedouros de bovinos acumulam um prejuízo de R$ 1,8 milhão por dia útil. Metade desse volume é resultado da redução de 60% na exportação de carne do estado, por conta dos embargos internacionais. A outra metade é conseqüência da impossibilidade de se vender carne com osso a outros estados, por conta das barreiras impostas por São Paulo e Santa Catarina que, antes da suspeita de aftosa, somavam 85% desse mercado.

Na avaliação de Fanaya, o abrandamento das restrições apenas prejudica o Paraná. "Passa a imagem de temos aftosa, mas já estamos controlando o foco. O Brasil perde credibilidade e dá margem aos países importadores para romper contratos ou forçar reduções de preços."

Embora as exportações de carnes suínas não tenham sido drasticamente afetadas, já que a Rússia –responsável por quase 75% das compras –, a situação também atinge diretamente o setor. Segundo Leoclides Bisognin, vice-presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), a venda de matrizes e reprodutores e animais para abates em outros estados está parada, devido à proibição da saída de animais vivos. "Há cerca de 1,2 matrizes e reprodutores retidos no Paraná", afirma.

Além das consequências do "efeito-aftosa", outro fator prejudica os abatedouros, principalmente os que se dedicam à exportação: a greve dos fiscais federais agropecuários, que completou dez dias ontem. A paralisação dificulta a expedição do certificado sanitário das carnes.

Alfredo Kaefer, presidente da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar), disse que, embora São Paulo tenha amenizado as restrições em relação à carne de frango, com a adoção de corredores de passagem que permitem o escoamento, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ainda impedem o ingresso do produto paranaense.

O governo do Paraná apresentará hoje os resultados de uma auditoria feita pelos veterinários do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Pan-Aftosa) que visitaram as propriedades em que havia suspeita da doença no estado.

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