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Agência do Trabalhador em Maringá: rotatividade faz com que seja alta a oferta de vagas | Fotos: Fabio Dias
Agência do Trabalhador em Maringá: rotatividade faz com que seja alta a oferta de vagas| Foto: Fotos: Fabio Dias

Empresas preferem pessoal qualificado

A dificuldade em contratar funcionários com boa formação gera dor de cabeça em muitos empresários de Maringá. De acordo com o histórico das vagas disponíveis na Agência do Trabalhador do município, três dos setores mais afetados são os de confecção, o de metal-mecânica e o de engenharia civil. As oportunidades de trabalho geralmente ficam abertas por períodos longos.

O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), Carlos Roberto Pechek, afirma que, na indústria da confecção, o empecilho é de fato a falta de qualificação. "Como a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] não autoriza o treinamento sem a criação de vínculo empregatício, os empresários querem contratar mão de obra especializada", explica.

No entanto, como a quantidade de profissionais disponíveis no mercado é escassa, as empresas sofrem quando chega a hora de contratar. Segundo ele, as pessoas que investirem em cursos técnicos nessa área dificilmente ficarão sem emprego. "A maior quantidade de vagas em Maringá é para costureiras e auxiliares de costureira."

O coordenador do arranjo produtivo local (APL) de Maringá e Cianorte, que é especializado em confecções, Luís Fernando Ferraz, concorda que a falta de qualificação é a principal razão para a existência de tantas vagas de trabalho abertas. "Meu conselho é que as pessoas façam cursos técnicos, independentemente da área, porque emprego tem", diz.

O mercado de trabalho aquecido apresenta um risco no médio prazo: a acomodação. Uma pesquisa feita em Maringá, onde o ritmo de recolocação nos últimos anos tem sido veloz, mostra que a maioria das pessoas que procuram emprego, especialmente aquelas com até o segundo grau ou curso técnico, deixou de lado a preocupação com a qualificação por acreditar que não teria dificuldades de voltar ao mercado.O estudo feito Centro Uni­versitário de Maringá (Cesumar) ouviu 1.080 pessoas que procuravam emprego na Agência do Trabalhador em novembro do ano passado. "Constatamos que elas não se preocupam tanto em perder o emprego, pois, se isso acontecer, há muitas outras oportunidades disponíveis, além de benefícios do governo, como o salário-desemprego", explica o coordenador da pesquisa, Freud Oliveira.

A agência do trabalhador oferta de 1,5 mil a 2 mil vagas por mês. Somente no mês passado, foram 1.957 vagas. Destas, a maioria era para o comércio. A pesquisa apontou que a permanência de tantas vagas em aberto se deve ao fato de a rotatividade de funcionários ser elevada. Em novembro, 91% dos desempregados não procuravam o primeiro emprego, 46,39% estavam sem trabalhar há no máximo um mês e 13,61% já tinham ido pelo menos dez vezes à agência. A escolaridade, por outro lado, não é tão preocupante como em outros municípios brasileiros. Ao todo, 41,3% dos entrevistados tinham o ensino superior completo. "É um nível regular", considera Oliveira.

Os dados mostram que 98% dos desempregados julgam importante investir na qualificação profissional. Contudo, essa opinião não se materializa na prática. Para o presidente do Comitê Municipal de Trabalho e da Câmara Técnica de Capa­citação do Conselho de Desen­volvimento de Maringá (Codem), Valdir Antonio Scalon, o fato de haver tantas vagas de emprego disponíveis faz com que os trabalhadores abram mão de cursos de capacitação. "Eles agem de forma imediatista, sem pensar que, no futuro, a economia pode sofrer uma recessão, de modo que a quantidade de vagas caia o suficiente para que apenas os mais qualificados tenham empregos garantidos", afirma.

Scalon acrescenta que o governo precisa oferecer mais oportunidades de capacitação. Além disso, é necessário investir em campanhas de conscientização, para que os funcionários pensem na carreira profissional a longo prazo. A reportagem foi até a Agência do Trabalhador, onde entrevistou cinco pessoas que procuravam emprego ou que solicitariam o seguro-desemprego. Apenas um deles, Weslley Ribeiro Schiavon, de 21 anos, disse ter realizado cursos de capacitação. Ao todo, foram quatro, nos quase dois anos em que trabalhou como porteiro de um edifício residencial. "Na semana passada mesmo terminei um de hardware", contou.No caminho inverso estava Ewerton Rafael Martins, de 25 anos. Ele foi à agência para solicitar o seguro-desemprego, depois de ter sido dispensado de um trabalho no qual atuava como designer gráfico havia sete meses. Como já teve outros quatro empregos nessa área, confessou que nunca procurou cursos de capacitação, por acreditar ter experiência de sobra. "Apesar disso, acho importante investir nesses cursos para se manter sempre atualizado", disse. Ao lado dele estava a cabeleireira Maria Aparecida de Rocha Meirelles, 49 anos, que está há mais de dois anos desempregada. "Nos últimos dez anos, nunca fiz um curso de capacitação por falta de dinheiro, mas já vim mais de dez vezes à agência procurar emprego."

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