Susto providencial

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Almir é um executivo bem-sucedido, que se orgulha de trabalhar dez horas por dia, incluindo sábados e muitos feriados. Adora o que faz, mas não descuida de sua família. Por isso valoriza tanto os momentos que passa com sua mulher, seus filhos e seus netos.

Em um determinado fim de semana, Almir combinou reunir os familiares para um churrasco. Antes de organizar o almoço, foi à academia e se exercitou por uma hora, como fazia diariamente. Depois, foi ao supermercado e, na seqüência, iniciou a preparação das carnes. Com a chegada dos filhos, a casa ficou mais movimentada. As crianças corriam por todos os lados, as fil has e as noras conversavam animadas, enquanto os homens se esmeravam em preparar um bom churrasco. Almir, embora satisfeito com a presença dos parentes, sentiu-se cansado repentinamente. Então, desculpou-se por sua exaustão e foi se deitar por alguns minutos, com a intenção de se reanimar.

Como duas horas se passaram sem que Almir retornasse ao churrasco, sua netinha de cinco anos começou a exigir sua presença. "Quero o vovô! Quero o vovô!", repetia. Perante a insistência da criança, a esposa de Almir foi buscá-lo no quarto, mas ao entrar no aposento encontrou o marido em coma. Estendido no chão, Almir espumava muito pela boca e tinha grande dificuldade para respirar. Apavorada, a mulher chamou os filhos, que o levaram imediatamente para o hospital.

Almir acordou algum tempo depois na UTI, sem lembranças do episódio por que passou. Os médicos diagnosticaram convulsão hipoglicêmica e lhe disseram que deveria ficar feliz por nada mais grave lhe ter ocorrido. O executivo ficou extremamente surpreso com o estado a que chegou; afinal, era considerado um homem saudável e disposto. As longas < SPAN style="FONT-FAMILY: Arial">horas de trabalho e a rotina constante de exercícios físicos nunca o haviam incomodado antes. Nem mesmo a alimentação, muitas vezes negligenciada, tinha lhe causado qualquer dano até aquele momento.

Após o susto, Almir foi obrigado a se afastar de suas obrigações profissionais por 12 dias. As longas horas de convalescença serviram para que ele fizesse um balanço de sua vida. Então, lembrou-se de seus muitos amigos, além dos indivíduos com que mantinha ligação em função de seu trabalho. Gostava de muitas daquelas pessoas sinceramente. Por essa razão, resolveu fazer uma lista com o nome daqueles com que já não convivia mais por causa da correria do dia-a-dia. Feito isso, decidiu que iria rever todos os que tinham real significado em sua vida para dizer-lhes o apreço que nutria por eles. O abalo que lhe causou aquela indisposição e a possibilidade de jamais voltar a ver certos amigos fizeram com que Almir priorizasse seu círculo de relacionamentos.

Nos meses seguintes, o executivo marcou consultas com diversos conhecidos e amigos distantes. O objetivo dos encontros foi dizer a todos algo simples, mas profundo e sincero: "Gosto muito de você e, embora a vida nos mantenha separados, jamais esqueça que o considero um amigo." E, com essa frase, foi visitando pessoas com as quais havia muito não conversava, reatando a amizade esquecida e fortalecendo seus laços.

Almir não voltou a sofrer qualquer problema de saúde. Mesmo assim, adotou o costume de alimentar constantes reencontros. Hoje o executivo não teme o inevitável, pois sabe que não deixará palavras não ditas, sentimentos não vividos e ações não realizadas.

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Às vezes, a vida precisa nos pregar certas peças para que possamos perceber a importância de valores simples, como a convivência com a família e com os amigos. As obrigações profissionais e as exigências da sociedade quanto ao sucesso e ao enriquecimento têm o poder de nos deixar míopes. A ambição desmedida pode nos tornar solitários e vazios, ao passo que nos faz parecer poderosos e promissores. Por isso, não deixe de notar os detalhes que fazem da vida uma experiência incrível e única, como o abraço da pessoa amada, o olhar de admiração dos filhos e o gesto solidário de um amigo.

SAIBA MAIS...

Dois anos de Mesa Brasil No próximo dia 10, o programa Mesa Brasil, de iniciativa do Sesc (Serviço Social do < SPAN style="FONT-FAMILY: Arial">Comércio), completa dois anos de execução no Paraná. Iniciado em fase experimental em junho de 2003, o Mesa Brasil tem como principal meta combater a fome e o desperdício de alimentos mediante a distribuição de excedentes a instituições carentes de Curitiba. Participam do programa 24 empresas, sendo que 11 delas são doadoras fixas. Supermercados, frigoríficos, hortifrutigranjeiros, produtores rurais e indústrias de panificação fornecem alimentos in natura ou pré-preparados, coletados pelo Sesc e divididos entre creches, asilos e albergues, que contabilizam, hoje, cerca de 100 instituições e 26 mil pessoas atendidas pelo programa. Nestas organizações os alimentos arrecadados servem como complemento das refeições normais. Tanto as empresas que atuam como doadoras como as auxiliadas pelo Mesa têm um controle completo da coleta e da distribuição dos artigos alimentícios, a fim de dar maior credibilidade ao projeto. No ano passado, o Mesa Brasil foi estendido à cidade de Francisco Beltrão (PR). No País, o programa existe em todos os Estados nos quais o Sesc está presente.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986