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Enquanto ministros de 150 países tentavam salvar do fracasso o encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC), numa reunião que atravessou a noite, forças de segurança lutavam para evitar a invasão do centro de convenções por manifestantes recorrendo a jatos de água e sprays de gás de pimenta.

Se houve muita tensão do lado de fora, do lado de dentro a situação não era muito diferente, diante do impasse nas negociações, que começaram na quinta-feira e terminam neste domingo.

O último rascunho da declaração da reunião ministerial OMC propõe o ano de 2010 como data para fim dos subsídios às exportações agrícolas, o ponto mais sensível das negociações, mas também deixa aos países a possibilidade de que esta data seja marcada para "cinco anos depois da entrada em vigor do acordo". Se esta segunda hipótese for a escolhida, na prática isso quer dizer que o fim da ajuda às exportações agrícolas só poderá acontecer após 2020. As duas possibilidades, entretanto, estão entre colchetes, o que na linguagem diplomática quer dizer que não há consenso.

A União Européia evita fixar uma data afirmando que antes os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Nova Zelândia devem concordar em reformar seus sistemas de exportações agrícolas.

- É um dia triste esse, quando nos vemos empolgados somente com uma possível data, que ainda está entre colchetes - disse Bob Stallman, líder do maior grupo agrícola dos Estados Unidos, o American Farm Bureau Federation.

O G-20, grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia, considera um ponto de honra ter uma data para o fim da ajuda às exportações de produtos agrícolas. Para o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o projeto de declaração "é modesto e decepcionante":

- Ainda que as expectativas para a reunião fossem muito baixas, em alguns aspectos houve progressos, embora muito modestos - disse Amorim, que considerou decepcionante que a data de 2010 para o fim dos subsídios às exportações agrícolas esteja entre colchetes no documento.

Diplomatas afirmam que um fracasso em aparar as arestas antes do fim da reunião vai reduzir as chances de se chegar a um acordo de livre comercio global em produtos agrícolas, bens industriais e serviços no ano que vem. Os países da OMC têm o compromisso de encerrar até o fim de 2006 a Rodada de Doha (iniciada em 2001), como é chamada a negociação geral para aprofundar a liberação do comércio.

Apenas sobre a questão do algodão parece haver consenso. O texto - que ainda precisa da aprovação dos 149 países da OMC - sugere que os subsídios às exportações do produto sejam eliminados pelos países desenvolvidos em 2006.

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