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Ainda nesses tempos em que a mulher está mais inserida no mercado de trabalho, sujeita a tensões e pressões que eram "privilégios" masculinos, a expectativa de vida feminina tem sido maior que a masculina. Basta uma rápida visita aos denominados "clubes da melhor idade" – eufemismo que abrange agremiações de pessoas com mais de 60 anos – ou prestar atenção aos pedestres numa rua qualquer das cidades para verificarmos que o número de mulheres em idade mais avançada supera significativamente o de homens. Este fato parece ocorrer na maioria dos países, industrializados ou semi-industrializados, evidenciando ser mundial a tendência de sobrevida das mulheres.

Pesquisadores observam que a menor expectativa de vida masculina está associada a doenças do aparelho circulatório, problemas cardíacos (embora estes estejam aumentando entre as mulheres) e maior utilização de álcool e drogas ilícitas. Porém, as mortes violentas – em brigas, assaltos e acidentes automobilísticos – parecem ser mesmo a causa preponderante deste diferencial por sexo. Os mesmos cientistas apontam a tendência de uma redução gradual dessa discrepância – e para muito pior: contrariamente ao desejável declínio das mortes prematuras masculinas, há o risco real do aumento das mortes prematuras femininas. A igualdade se estabelecerá na pior característica para a saúde e qualidade de vida de homens e mulheres.

A mulher ainda é alvo de uma violência não declarada, aquela que acontece no recesso do lar e que apenas agora vem à luz, graças aos esforços daquelas que, tendo tido acesso aos estudos e assumindo postos de comando, estão lutando para que estas agressões não permaneçam impunes, orientando para a denúncia dos casos e educando para os direitos humanos. O fato, cruel, é que os abusos são vistos por muitos com naturalidade – algumas vezes até se atribuindo a responsabilidade à vítima.

A situação tem menor divulgação do que preveria sua gravidade e número de ocorrências (até mesmo porque nem sempre as agressões são notificadas); produtos de relações assimétricas entre homens e mulheres, quando aqueles são seus únicos provedores materiais e podem criar situações de abandono, implicando em dificuldades na criação dos filhos e na própria sobrevivência.

A longevidade traz, além dos inegáveis benefícios, os riscos de doenças degenerativas de tratamento eficaz ainda não pesquisado adequadamente (porque antes atingiam um número muito pequeno de pessoas) e o envelhecimento populacional, com os impactos nos sistemas públicos de saúde e previdência social. Para muitas mulheres há o problema adicional de, por baixa escolaridade e mercado de trabalho restrito, estarem mais vulneráveis à pobreza; além da solidão, decorrente de viuvez e separações vividas em um mundo onde o número de homens de sua faixa etária é muito menor que o de mulheres.

Embora hoje o enfoque da competência esteja aos poucos prevalecendo sobre as questões de gênero e, aos poucos, a escolaridade da brasileira esteja se equiparando à do brasileiro, ainda é sobre mães e companheiras que recai a perspectiva mais sombria da precariedade financeira, mesmo porque ainda não conseguimos reduzir as diferenças salariais para as mesmas ocupações.

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